Arquivo Mensal: julho 2014

com os pés no chão

Não sou do tipo que tem loucura por sapatos. Tenho muitos, não direi quantos, porque vai parecer que sou centopeia fora de controle na Barão de Teffé. Mas não sou do tipo que tem loucuras por sapatos, talvez do tipo que tem tempo para escrever sobre eles.   Todos os meus pares preenchem requisito básico: conforto. Nunca suportei nada que me aperte os pés, faça …

do limão, limonada

Eu nunca havia levado bolo. Inaugurei a nova sensação no sábado. Ai como é triste ser esquecida… E como se não bastasse, hoje aconteceu de novo. Acho que o sucesso em compromissos particulares e sociais chegou ao fim e o que era para ter acontecido de forma espaçada na vida, veio à galope, de uma vez só. Talvez as pessoas tenham um número X de …

eu hein, Rosa

Como é que chegamos aqui? Que mundo mais chato esse! Quase tudo proibido. Quase tudo é imoral, ilegal ou engorda. E ser imoral, ilegal ou gorda parece que não pode… Ou melhor, ser gorda pode. O que não pode é usar a palavra gorda, ou querer emagrecer, porque cada um, agora, tem que se aceitar como é – mas sem comer bacon ou gordura trans …

primeiro o fubá, depois o dendê

Nunca achei que fosse lá grande coisa como dona de casa. Mesmo assim, trato de aspirar tudo, lavar a roupa, tirar o pó, espalhar perfumes delicados pela casa e tudo que é necessário para que o prazer sempre fique aqui dentro. Hoje recebi telefonema de amiga que não vejo há muito. Do outro lado da linha, as novidades e o pedido: – Muita saudade da …

3 X 4

Sylvia,   Se eu fosse pessoa crente na existência do destino, atribuiria a ele a sua vinda para minha vida.   Quando estava às vésperas de conhecê-la, poderia acreditar em tudo, menos que seríamos, de fato, amigas.   Fomos apresentadas em condições convencionais na teoria, mas com poucas possibilidades de dar certo na prática. A ponte que nos conduziu uma a outra era frágil, pouco …

tempo

Não brinco com o tempo. Já sei como ele é: rápido no gatilho, traiçoeiro, não espera a gente contar até dez para puxar arma e disparar. Apesar de sua natureza ser assim, tão indomável, procuro tratá-lo bem, com carinhos, atenções, planejamentos. As vezes consigo enganá-lo e faço duas, três, quatro coisas numa vez só. Quando dá certo, comemoro. Quando ele descobre, me castiga, exige que …

planos

a minha amiga Susana Volpi escreveu assim, eu gostei: Abri a porta e meus olhos brilharam nos dele. Flores. Buquê imenso de gordos botões vermelhos na mão esquerda. Com a direita enlaçou minha cintura e me beijou. Rodopiei o corpo e me larguei. Sentados na sala, ouvi suas histórias e ele perguntou sobre as minhas. Desenhamos os planos para próxima viagem. Paris nos esperava. E …

incompetência

Eu queria muito escrever um poema de amor, que arrancasse suspiros do mais amargo dos corações, que fizesse o mais descrente dos homens sorrir.  Queria poder riscar o papel com um sentimento tão puro que ele escorresse molhado, suado, vibrante em letras roucas e voz trêmula. Queria poder dizer do tamanho do meu amor e da dor da minha saudade e que isso fosse tão …

quarta-feira

  Bem no meio da semana, uma quarta-feira. Desengonçada, boba, meio-termo. Não serve nem pro começo, nem pro final da jornada. Se colocou aqui no meu calendário como terceiro dia, apesar da esquizofrenia desse nome. Reclama para ser dia útil mas se exibe assim, cheia de sol, de azul, de convite. Uma das obrigações inevitáveis para essa quarta qualquer é ida à feira, começa às …

fundas piscinas de ilusionismo… – mais nada

sou um tipo banal, corriqueiro. ordinária, entregue a pequenos prazeres. não penso em grandes conquistas, não almejo fama nem glórias. quando tinha idade de querer dominar o mundo, não levei muito jeito pro assunto e de derrota em derrota fui arrumando forma de não me contundir em cada nova empreitada. e essa maneira resultou em desistir das grandes capturas. virei uma simplória e meu prazer …

Pin It on Pinterest