Jul,
Eu estou, sem falsa modéstia, acostumada às boas qualidades dos meus filhos.
Sinto um amor muito grande por eles, pelas pessoas que são, pelo o que estão se tornando individualmente. É muito bom fazer parte da vida de gente assim; como mãe, então, nem se fala.
Mas há coisas que me tocam o coração de uma maneira muito especial…
Quando a Lívia, tão pequenininha, depois de alguns ensaios subiu ao palco do Guairão, sozinha, e deu conta de tudo, de maneira tão profissional, tão bonita, tão competente, achei que não teria mais esse solavanco, chacoalhão de orgulho.
Depois daquilo veio o convite para o cinema. Ela animada, depois exibida, depois cansada, depois exaurida e, por fim, realizada.
Você me mostrou o filme antes. Eu gostei, mas fiquei um pouco desconsertada, porque não sei ainda olhar para uma história de um jeito não-aristotélico – o cinema descontínuo é uma novidade pra mim e eu fico um pouco tonta, perdida, esperando aquela sequência a que me habituei.
Talvez por isso, eu assisti primeiro o filme, depois pensei na minha filha… Eu só fui levar a bofetada de satisfação (como a de ver a Livinha no Guairão) naquele sábado em que você trouxe o cartaz do filme aqui. Você não faz ideia do que é para uma mãe olhar a foto de sua caçula estampando a divulgação de um filme em que ela é a protagonista. Uma foto tão linda! Um momento tão bom! Uma emoção tão forte! Saber que a filha realiza uma coisa, conclui um trabalho, se dedica à feitura ainda que lhe custe alguns sacrifícios de sua vida de criança… saber de tudo isso e ter a noção do tamanho dessas coisas, é muito especial. Que bom que é ter a possibilidade de viver momento assim.
Obrigada, Jul!
Agora sobre o filme. Não vou percorrer, de novo, minha emoção de mãe ao ver minha filha numa telona de cinema. Pulo essa parte e me mando direto ao ponto. Eu nunca havia visto filme, história, enredo sem ser da maneira de sempre, que vocês, que entendem das paradas, chamam de “Aristotélico”. Eu gosto da maneira dele, de sempre: fico confortável e bem situada com continuidade de tempo e espaço, com a historinha sendo contada naquela ordem que conheço, no máximo um flashback básico e tudo volta a ser como aprendi: do menor para o maior, da esquerda para direita…
O estranhamento que me causou, não me impediu de estar aberta e atenta à nova fórmula. Com isso, descobri que há maneira diferente de contar uma história, de olhar o mundo e de descobrir coisas… Fiz ligações que não sei se correspondem com a proposta, em outra oportunidade te conto.
Amei a Lívia valsando com a câmera e se você tiver uma foto daquele momento e me enviar, ficarei muito agradecida.
Obrigada por fazer parte da nossa vida e por proporcionar que a minha Lívia, apesar da pouca idade, já tenha tantos momentos inesquecíveis.
Um beijo,
PS – Me manda o filme para eu postar aqui…
Nossa que máximo, super legal, parabéns para a mãe, para a filha e agora vamos amarrar um Kikito com 13 fios de cabelo dela só pra ver se aquele curso de vodu online funciona mesmo…
;-)
JOPZ
isso… uma macumba hightech…
Que lindo, Adri!
Essa menina realmente tem futuro…
Parabéns!
e não é, daih?
tenho muita admiração por ela…
beijo, obrigada
;-)
Adriana, querida, fico muito emocionado com suas palavras. Na verdade, estou ansioso para estar com você e a Lívia, juntas, e sozinhos, para conversarmos. No dia da estréia não tinha condições, o tempo curto, tanta gente falando. Eu estou de viagem para o Velho Mundo no sábado e volto no dia 10.07 e então gostaria demais de ir na sua casa, pra gente conversar muito e beber também. O que você acha? (a Lívia está linda na telona, forte, expressiva, tudo de bom, o pessoal adorou a atuação dela).
eu também quero muito, muito, muito falar com você… se volta no dia 10, eu marco dia 14 no meu calendário e faço uma tainha assada e almoçamos e bebemos e conversamos tranquilamente. que me diz?
pra onde você vai?
eu consigo cópia do filme antes de nos vermos?
beijoca
Amiga, a imagem de fundo do blog, as sementes sendo espalhadas pelo vento, é perfeita para a situação! Você, que é uma pessoa tão rica por dentro, espalha coisa boas ao seu redor todo o tempo. E agora tem dois postos avançados, nas figuras da Lívia e do Dé. É uma família muito perigosa essa, que nos desestabiliza e seduz! Em vez de parabenizá-lá, que seria muito lugar comum, vou dizer para você guardar os sentimentos que passam por você nesse momento para uso futuro, em épocas em que as incertezas assaltem seus pensamentos . Porque ter filhos é viver mergulhada nesse mar de incertezas. Mas, a sabedoria popular já diz que o fruto não cai longe do pé.
isso mesmo, taís! a maternidade não é um caminho para os fracos… a gente é colocada à prova o tempo todo. é preciso estar atenta e abastecida para os ventos menos generosos.
eu agradeço, com o coração sorrindo, o seu comentário.
você é uma pessoa muito especial!
beijo,
Adri, o prazer foi meu de trabalhar com sua filha, tanto no musical do Guairão, quanto ao filme A MENINA QUE OLHAVA PARA A CÂMERA. A questão não aristotélica que eliminei foi parte das 3 Unidades Aristotélicas: eliminei parcialmente as unidades de tempo, espaço e ação, eliminei parcialmente o raccord (continuidade) da montagem, eliminei totalmente a continuidade de figurino, etc. Mas o filme funcionou. Era isto que eu queria demonstrar: a história continua intacta aos olhos do espectador, mesmo fugindo aos preceitos do Mestre de Estagira. Quanto à cópia do filme, já lhe dei a sua, que pode compartilhar com amigos e familiares em sua casa, mas não podemos ainda colocar nas redes sociais até que o filme cumpra a sua trajetória. Talvez ainda leve mais de um ano. Agora o filme seguirá para São Paulo, depois para Portugal. Se quiser acompanhar as andanças do filme neste festival, veja nos links abaixo. Mas ainda outros festivais surgirão. Abraço.
http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/noticias/festival-cine-tornado-leva-tematica-solidaria-para-a-cinemateca/
http://cinetornadofestiva.wix.com/cinema