a quem interessar possa…

 
Saí machucada. Nervos em frangalhos, injustiça a cortar a alma. Cansaço. Fiquei surpresa com algumas costas viradas, com o mesquinho instinto de sobrevivência, com o comportamento de quem tem obsessão por si mesmo.
Ainda no chão, recebi deboche, críticas, cartões vermelhos. 
Não fiz queixas. As queixas são sempre humilhantes. Caio, mas não sou dada ao abate – não gosto do sabor da amargura tomando a palavra em fel.
Também não baixei cabeça, a submissão não mora em mim.
Pena que minha mãe me educou dentro daqueles princípios católicos e eu não seja de vingança. Juro que penso que muitos por aí deveriam se ferrar, mas não faço movimento para isso. Não acredito no destino nem em lei maior; cada um que decida por si o próprio futuro e se abrace nas próprias escolhas.
Segui a vida e conheci outras mãos que se estenderam solidárias. Momento precioso, provei, naturalmente, a peneira do joio e do trigo. Foram ficando aqueles que tinham que ficar no baú do maior tesouro: a amizade. Trigos!
Na construção de minhas relações sempre soube dos que me olhavam de canto, a enxergar cargo, posição, vantagens. Aos pusilânimes doei meu tempo em compaixão. Agora, quase desprezo, não fosse por essas linhas que ainda lhes relembram.
O difícil mesmo foi reconhecer os enganos. 
Do passeio perto do precipício, que foi minha saída da rádio, entendi que não há pára-quedas que amortize o desabamento da decepção. Tramas por um cargo, um carguinho de nada, que relutei em aceitar e do qual me desprendi assim que o reconheci menor, menor do que eu? Maquinaram por isso? Oh! Que pobreza!
E aqueles, que estavam comigo, em volta da mesa, a esbanjar sorrisos e sumiram no mundo? E os que por quem ergui defesa e agarrei como meus? E os que puxaram o tapete?
Estão por aí, espichados em outros, na terrível humilhação de rifar lealdade. Joios.
Acho que essas palavras sobre esse lado da moeda já foram muitas… e acabam injustas com aqueles que fizeram da minha vida melhor, que iluminaram o meu terreiro, sacudiram a minha tristeza. Esses, os decentes de caráter, os que o entregam o espírito à fala, os que não confundem discursos terão minha eterna gratidão e amizade.
Um último drama dedicado aos deficientes de caráter: eu posso ter cara de boba, um jeito meio tongo, a opção pela paz, mas não sou idiota. Não há possibilidade alguma de eu entender que me misturar a esse tipo de gente, que são vocês, faz parte do jogo. Do meu jogo, não.
Ah! Cabe a mim decidir, e minha resposta é não!               
Pareço amargurada? Não se engane, sapateio. 
 

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