contra e a favor

Li na revista Ideias uma lista feita por Fábio Campana sobre coisas que ele considera abomináveis. A divertida leitura (que pode ser feita aqui) me inspirou a duas listas: uma positiva e outra negativa.

Foi uma delícia fazê-las!



Gosto de flores. Gosto quando recebo flores: em buquês, vasinhos, paisagens ou lembranças. Adoro bilhetinhos de amor, diário novo, lápis de cor e fotografias antigas. Papo com os filhos, passeios diurnos, viagens bem planejadas e risadas espontâneas me fazem feliz. Tenho imenso prazer com boas conversas, mão estendida, presentes, surpresas e quando sinto gratidão. Muita simpatia pelo movimento das nuvens, pelo colorido que o sol deixa no céu nos finais de tarde, ventos moderados e temperatura agradável. Gosto de pessoas generosas, dispostas, de boa vontade, solidárias e com bom humor. Aprecio aneis, mas somente um por mão. Gosto de abraço apertado, beijo no rosto, na mão, na boca. Fico leve com perfumes suaves e elegância. Acho chiquérrimo homem gentil, inteligente, paciente, intrigante, vigoroso e responsável. Amo dançar na chuva, tomar banho de mar, de sol, de chuveiro, de banheira, de loja, de sal grosso. É fundamental comer bem, beber bem, ter paladar apurado. Gosto de meia-luz, de música boa, de textos surpreendentes. Fico orgulhosa quando saio com meus filhos, quando alguém que respeito admira meu trabalho, quando cozinho para os amigos e quando troco de carro. Adoro bolo de fubá, de chocolate, de doce de leite. Adoro bolo e as sobremesas da Thaís e da Beatriz! E adoro também cheirinho de pão caseiro saindo do forno, aroma de chá de capim-limão e a comidinha da minha mãe. Fico em paz em tardes de sábado, dias de dezembro e vésperas de feriado.

Há muitas coisas que me movem, me divertem e me alegram. Muitas delas não precisam de grana, outras precisam. Vou vivendo… Ah! Na vida e na arte, em casa e na rua, no trabalho e no passeio, no trânsito e no mercado, na TV e no rádio, sempre, sempre, sempre é preciso leveza!



Por ordem de lembrança, nunca de relevância: 


Não gosto de extremos. Não gosto de gosto amargo na boca nem de doce que arranha a garganta. Não gosto de nada muito gelado nem muito quente. Detesto quem vê ameaça em tudo e quem nada teme. Tenho certo desprezo por funcionário de banco, despachante, caixa de casa lotérica, bibliotecária mal amada, roupa de contador e atendente de telemarketing. Me irrito profundamente com música alta, música ruim, música fora de hora, de contexto, de contrato, de controle. Odeio filas, todas as filas. Me incomodo com cachorros barulhentos, gatos deslizantes e sapos cantores. Não quero perto de mim pastor de igreja evangélica e seus seguidores alucinados, padre hipócrita e suas beatas de plantão, líder hare krishna e seus instrumentistas carequinhas. Não gosto de quem quer salvar o planeta. Odeio quem se leva a sério, quem leva tudo a sério e quem não leva e não traz nada. Fico constrangida na presença de preconceituosos, falsos moralistas e quem diz que nunca mente. Desconsidero quem ainda consegue falar, contra ou a favor, sobre Paulo Coelho, Rede Globo, rock’n’roll, telenovela, feminismo, Hollywood, Fidel e imperialismo norte-americano. Acho trocadilho algo insuportável, assim como piadas fora de hora, citações descabidas, carona em destaque alheio e papagaio de pirata. Odeio gente mesquinha, gente que confere a conta, que conta o troco, que economiza na gorjeta. Tenho raiva de veranista, de churrasco, de happy hour, de confraternizações de empresa. Abomino grosserias, tom de voz alto e cotovelos na mesa. Sinto aversão por quem não tem humor, por quem é ignorante, por quem é medíocre, médio, morno, fraco. Acho horrível saia acima do joelho, lingerie a mostra, calça apertada e sapato desconfortável. Não gosto de reclamações excessivas nem de críticas gratuitas. 


Minha lista é imensa. E eu ainda nem comecei a falar sobre contas a pagar, a receber e a perder… nem citei banheiros de aeroporto, sinal da TIM ou aranha marrom. Também não lembrei de churrascarias aos domingos, salões de beleza, shoppings centers ou nervo ciático. Melhor parar por aqui… 


quer comentar? não se acanhe.

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