me sinto lutando contra o Atlântico inteiro, com água na altura do quadril, sabendo que a próxima onda é forte e ainda assim estou despreparada.
ando por aí com a espinha ereta, meu queixo aponta para o horizonte, dou risada, reconheço as belezas do caminho e pequenas alegrias cotidianas.
mas não está fácil.
é como se eu estivesse dentro daquela onda que mistura espuma e sal com tanta violência que parece que nunca mais vou conseguir sair.
a cada novo movimento, perco a noção do que é chão, horizonte, céu e engulo água.
e ainda assim estou na praia.
por causa de um nervosismo estranho que culminou num estado de espírito distraído, errei num trabalho que sempre fiz com os pés nas costas.
minha mãe tem Alzheimer.
meu telefone quebrou.
a internet da minha casa parou de funcionar.
meu computador suspira.
o chatgpt caiu no gosto e uso das pessoas.
a L5 dói pra chuchu e acorda o ciático.
o que dizer sobre esse meu momento?
de um jeito otimista, estou na praia e isso, de alguma forma, pode ser bom.
a foto é de alguém, que não sei quem, peguei na internet.
