primeiro de janeiro

gosto do dia primeiro de janeiro.
gosto com a força de quem sabe sobre a importância do recomeço e sobre o valor da esperança.
gosto com essa força, mas não sei sobre recomeço e esperança.
tanto um quanto a outra me socorreram sem que eu me debruçasse sobre o que estava acontecendo, reconhecesse e desse o devido valor.
fazem parte de um processo automático de sobrevivência.

“em caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente”.
recomeço e esperança são a máscara que ajustei tantas vezes em meu corpo sem perceber do que é feita e para que serve.

respirar.

mesmo sem perceber quais são as melhores palavras para tratar desse assunto, recomecei e esperancei muitas e muitas vezes.
todas as vezes.
enfiei a máscara no rosto como se soubesse o que estava fazendo e fui.

recomeçar e esperançar são as atitudes quotidianas, ordinárias, comuns de quem está vivo.
todos os dias.
mas não quer dizer que não sejam também um fenômeno cheio de milagre e retumbância.

gosto do dia primeiro de janeiro porque misturo a normalidade ao divino, os projetos à crença, as vontades à possibilidade de superação.
no primeiro de janeiro me sinto capaz de sonhar.
e o sonho é pai e mãe, um deus único, que gera recomeços e esperanças.
com o passar dos dias, tanto um quanto a outra viram bastardos do tempo…

primeiro de janeiro: uma invenção para que seja permitido sonhar, recomeçar e esperançar.

quer comentar? não se acanhe.

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