primeiro o fubá, depois o dendê


Nunca achei que fosse lá grande coisa como dona de casa. Mesmo assim, trato de aspirar tudo, lavar a roupa, tirar o pó, espalhar perfumes delicados pela casa e tudo que é necessário para que o prazer sempre fique aqui dentro.
Hoje recebi telefonema de amiga que não vejo há muito. Do outro lado da linha, as novidades e o pedido:
– Muita saudade da sua comida… se eu estivesse por aí, ia pedir pra você fazer um feijãozinho pra mim.
Não me arvoro em grandes preparos no fogão. Estou mais para cozinha medíocre do que pra mestre cuca. Por isso fico tão espantada com os pedidos que não são raros de almoço, jantar, café e afins aqui em casa.
No outro lado da moeda está a satisfação de preparar a mesa para aqueles que gosto. Alguém já disse, em algum lugar, que cozinhar é um ato de amor. Acho que é mesmo.
Estar na cozinha é doação, é querer o prazer do outro, é agradar, atender, louvar. As competências para isso não estão no antigo livro da D Benta ou nas receitas do Anquier.
A cozinha pulsa dentro do peito.
Uma refeição é também feitiçaria, muda humores, conversa com o corpo e alimenta a alma. Em algumas vezes, entre consistências e sabores, pula para um prazer quase erótico.
Desconfio muito daqueles que não se entregam aos agrados da mesa com honraria e realeza, com calmaria e fineza, com todos os sentidos.
Ah! E que maravilha pensar no Vinicius a elaborar comidinhas para depois do amor. Ou a Babette a causar espanto com seus poderes de bruxa do bem naquela vilazinha maluca do filme.
Aprendi que a boa mesa se faz com os ingredientes mais caros (que não estão no mercado) e a dividimos com quem gostamos. Aqui em casa é assim.


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