Arquivo Mensal: agosto 2015

sou prosa

a poesia está em mim como a música. sou uma amante submissa, que admira, se encanta, entende, alcança. e só. e já é muito. vez ou outra cometo a saliência vulgar de tentar o que não sou. a poesia é generosa e me deixa passear inocente entre seus versos, abre sua casa e me chama para que eu entre, para que eu visite, para que …

dente de leão

no silêncio daquelas sementes que boiaram no ar do quintal da casa da minha vó numa tarde de outono, pensei que o dente de leão que eu soprava era o que de mais enigmático existia no mundo. não por conta dos traços botânicos, mas por aquela maneira tão grandiosa de a partir de um sopro se transformar em muitos pedaços e cada um ser dono …

não durmo

estranho, estranhíssimo. o Facebook me avisa que há dois anos eu passava as primeiras horas do dia 10 de agosto a procurar a empatia do Álvaro de Campos para apoiar o desespero da madrugada insone. aqui estou, condição bem parecida – troquei Álvaro por leitura menos interessante na providência de me aborrecer e entediar (e então dormir) do que me explicar… porque  num determinado momento, …

protagonista

pode ser que essa vontade de comer pastel na feira passe, como talvez passe também o desejo de caminhar na praia, de entrar no mar, de contar estrelas e de aprender a costurar. vai que eu mude de ideia e não precise mais pisar na Estação de Sirkeci ou não queira as alvoradas dos canarinhos muito amarelos da minha varanda. quem sabe, eu desista assim, …

surpresa na pracinha

uma de minhas obrigações diárias é levar o cão para passear na pracinha. gosto do cão, de praça e de passeio, a palavra obrigação é que me lança numa profunda preguiça e má vontade. mas é também o que mantém a rotina e a certeza de surpresas num dia qualquer de uma semana assim perdida no calendário. para melhorar a vida, há algum tempo montei …

o problema de ser sensível

sou uma pessoa sensível. há maravilhas nesse traço. possibilidades que se multiplicam todos os dias ao ver uma flor, um sorriso, uma poesia. até um poste, que não é nada a outros olhos, se transforma numa fonte de especulação, reflexão e comoção. gosto disso porque minha vida fica mais rica. eu acho. é uma coisa bonita minha, autoelogio. conheço as delícias. as dores também. nem …

conexões humanas

se eu fosse uma celebridade dessas que desperta interesse nas pessoas, escreveria um livro. seria sobre pessoas que ninguém deveria partir dessa para outra sem conhecer. minha lista transformaria a agenda dos meus amigos num inferno. nomearia um por um com detalhes pitorescos de suas personalidades, preferências, particularidades, fotografia e telefone. falaria de como cada um tocou minha vida e de suas possibilidades de espírito. …

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