conexões humanas

se eu fosse uma celebridade dessas que desperta interesse nas pessoas, escreveria um livro.

seria sobre pessoas que ninguém deveria partir dessa para outra sem conhecer. minha lista transformaria a agenda dos meus amigos num inferno. nomearia um por um com detalhes pitorescos de suas personalidades, preferências, particularidades, fotografia e telefone. falaria de como cada um tocou minha vida e de suas possibilidades de espírito. também trataria de fofocar, em caixa alta, uma ou outra passagem de nosso convívio, coisa para causar inveja e interesse.

tenho a impressão que o mundo seria um lugar mais fácil se algumas conexões fossem feitas e elas partissem do convívio com essas pessoas que conheço e que são chave para conversas inteligentes, momentos agradáveis, diversão, reflexões, arte, boa mesa e tudo que melhora a vida.

provavelmente essa divisão de afetos me deixaria um pouco enciumada e tentada a ações infantis para chamar atenção dos amigos. mas correria o risco. gosto de pensar numa mesa enorme onde sentassem lado a lado uma grande dona de casa e um poderoso empresário e que trocassem experiências e contassem um para o outro de suas vidas e que ela palpitasse competentemente sobre seus negócios e ele ensinasse uma receita nova deliciosa e simples, que não suja muita louça para fazer. e que o melhor dos médicos mostrasse uma música linda para a cantora e que em retribuição ela lhe ensinasse sobre um chá tiro-e-queda para os problemas do fígado.

e assim seguiria essa imensa corrente entre nobres pessoas que certamente teriam outras a acrescentar e quando percebêssemos a parte boa do mundo estaria tão coesa e sólida e se autoalimentado que sobraria pouco espaço para as sacanagens e decepções.

não sou uma celebridade. não escreverei um livro. não distribuirei os telefones dos amigos, mas continuo torcendo pelas boas conexões humanas.

conexoes humanas

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