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guerra do Paraguai

minha irmã achou melhor não me aventurar pelas ruas paraguaias com meus longos vestidos. compramos couraça apropriada e vestida com as roupas e as armas de Jorge, segui. seguimos. a guerra do Paraguai não é coisa fácil. lugar onde os fracos não têm vez, é preciso toda sobriedade de espírito para a luta. os infortúnios são muitos, falta banheiro, sobra gente, tem terra e água …

fragilidade de cristal

sou frequentadora de brechós, sebos e afins. gosto muito. tenho fascínio por objetos e suas histórias. quando compro alguma coisa, imagino por horas, dias, semanas sua vida útil até chegar em minhas mãos. faço retrospectiva detalhada de tudo o que lhe aconteceu e desmanto histórias fantásticas. o exercício dessa ficção me alegra. dia desses estava em Antonina. em viagem dentro de um maravilhoso mercadinho de …

slow motion

tenho preguiça. muita.  não me envergonho, até acho saudável e de certa forma, prova de alguma inteligência. a preguiça me defende de encrencas, é escudo protetor de situações, primeiro degrau para o Olímpio do ócio. é muito mansinha, chega devagar, apalpa o corpo, percorre as veias, solta o ombro, prepara para levitação. depois sobe pra cabeça. vai apagando lentamente qualquer figurinha que transborde, despreza pensamentos …

fundas piscinas de ilusionismo… – mais nada

sou um tipo banal, corriqueiro. ordinária, entregue a pequenos prazeres. não penso em grandes conquistas, não almejo fama nem glórias. quando tinha idade de querer dominar o mundo, não levei muito jeito pro assunto e de derrota em derrota fui arrumando forma de não me contundir em cada nova empreitada. e essa maneira resultou em desistir das grandes capturas. virei uma simplória e meu prazer …

as máquinas que me fizeram feliz

A primeira vez que fui feliz devia ter uns quatro pra cinco anos. Eu ganhei uma maquininha fotográfica de plástico que, ao clique, pregava uma peça: lançava água no candidato ao retrato – era como a florzinha na lapela do palhaço. Minha primeira vítima foi meu avô, que me fazia acreditar que aquilo era uma surpresa pra ele. Na segunda vez, eu precisava registrar e …

a morgadinha de júlio dinis

Júlio Dinis é escritor da literatura portuguesa de pouca expressão no Brasil. sabe-se lá o motivo. em Portugal ele tem respeito e reconhecimento e busto na praça e nome de rua e recomendações e aplausos. meninota conheci, apesar do título maravilhoso, sem grande empolgação, “As Pupilas do Senhor Reitor” e só. foi tudo que soube do tal do Dinis, nascido na cidade do Porto em …

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