de volta ao passado

conhece coisa mais chata que comprar roupa? detesto. tenho preguiça e mau humor. normalmente compro pela internet.
faço esforços gigantescos para evitar papo de loja, provador, caixa e o constrangimento de ser levada até a porta por vendedor a segurar minha sacola. não gosto desse contato humano. e acho que os serviços são ruins, deficitários, problemáticos.
vendedor que faz salário a partir de vendas é o pior inimigo. capaz de empurrar qualquer coisa. uma vez um me disse que ficava ótima num vestido de zebrinha. imagine. eu, zebrinha. outra vez uma vendedora me falou que a camisa ficaria linda no meu namorado, minha irmã estava junto e quis saber de onde ela conhecia meu namorado. pré-briga.
não confio na palavra de vendedor. curitibana desconfiada, mania de perseguição.
dia desses encontrei um site chinês. tem de tudo e tudo é super barato e tudo bem fotografado. glamour, até nas peças básicas. dei a mão à palmatória e concordei com minha irmã e minha filha: estou a ficar constrangida em ver minhas fotos de 20 anos atrás com as mesmas roupas que uso hoje. pois bem, puxei fôlego e naveguei. por horas. enchi o carrinho, renovei o guarda-roupa.
a surpresa que chegou pelo correio, pouco mais de um mês depois da compra, nem foi a do imposto de importação, que eu, ingenuamente, esqueci; a maldição chama-se tamanho. não há mulheres de 1,80 na China. os costureiros de lá não imaginam que elas possam existir. tudo virou um grande fiasco.
vestidos longos ficaram no joelho, não combinam; vestidos no joelho viraram minissaias, não tenho mais idade. vestidos soltos, são colantes a marcar curvas e dobras, não tenho mais corpinho.
com isso, diante da dura realidade, retomo meus trapinhos confortáveis e cheios de histórias que estão comigo desde que minha irmã era mocinha e minha filha ainda nem era. compras pela internet só do lado ocidental.

quer comentar? não se acanhe.

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