duas vezes quinze minutos

tenho vontade de contar uma história que aconteceu por aqui nas últimas horas.
pode ser que os três dias que antecedem o de hoje tenham mudado definitivamente alguma coisa dentro de mim. alguma coisa que ainda não sei direito o que é e nem conheço o nome.

não posso relatar aqui o sábado e a sexta-feira e suas perversidades ocasionais e espontâneas.
coisas ruins acontecem do nada, só porque é sexta. ou sábado.

na cronologia das 72 horas que ficaram para trás há a quinta-feira.
este dia diz respeito a mim e de como eu o vivi sem saber o que agora sei; antes de acontecer o que aconteceu.

foi bonita minha quinta.
depois que cheguei do trabalho, depois do almoço, depois do mercado, fui à lavanderia.

sinto uma satisfação imensa na lavanderia. pode até ser que seja um dos meus lugares favoritos.
toda a roupa a flutuar de um lado para o outro; aquela limpeza quente; a maneira como calças e saias sacodem juntas; a ausência de pudor entre calcinhas e cuecas; a dança das meias com pares trocados em cima de lençóis.
tudo lindo.
tudo é a vida.

na lavanderia preparei parte da casa para a chegada da Lu. aquele foi um tempo, um dia, um momento, de felicidade pela sua visita.
uma quinta-feira que ficará para todo o sempre cravada no meu calendário particular de lembranças como um dia antes da Lu chegar.
era tudo claro e límpido.
havia planos e expectativas.
achávamos que estávamos no controle.

a quinta-feira foi o último dia da minha vida em que pude viver a ilusão de imaginar cada um dos próximos sete dias.
pode ser que volte a fazer planos novamente, mas acreditar neles, duvido.

uso dois ciclos de secagem da máquina da lavanderia. cada um tem quinze minutos.
meia hora é, para mim, o tamanho do tempo em que a vida pode ser programada.

quer comentar? não se acanhe.

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