menopausa

este fluxo, codinome Chico, que me acompanha anos e anos, breves interrupções, poderia simplesmente parar. assim, interromper-se em silêncio, uma espécie de respeito e gratidão por este corpo que lhe serviu por tanto tempo.
poderia fazer uma coisa digna e simples como retirar-se mudo de cena. não dar aviso, não fazer estardalhaço, não chamar atenção.

mas faz o contrário.

eu sempre achei que quando a menopausa chegasse, pularia de alegria e comemoraria o final do ciclo, o definitivo. e esbanjaria tranquilidade e teria uma perturbação a menos na vida.
quanto engano. era só dar um pouco mais de atenção aos relatos das amigas, da minha mãe, da literatura, da história da humanidade e não seria ingenuamente surpreendida.

este lugar em que estou estacionada é tão perturbador que começo a sentir saudade do que não gostava…
de tudo há duas coisas que me acabam: uma dor de cabeça recorrente, explosiva, acachapante e os calores fora de hora, que duram quarenta segundos, tempo suficiente para eu arrancar a roupa, achando que vou morrer…
poderia conviver com todo o resto de forma civilizada, até com este maldito ganho de peso, que acontece mesmo que eu jejue 40 dias e 40 noites. ou com este humor oscilante que não conhece nada que não seja um dos extremos: euforia total ou depressão completa.

me ocupo com uma rotina maluca de exames, todos levam a mesma conclusão: climatério. palavra de boa sonoridade, mas que quando é decodificada em sintomas quase não consigo repetir.
fico em dúvida sobre qual caminho seguir a partir daqui.
leio sobre reposição hormonal e não me animo.
converso sobre terapias alternativas e não me convenço.
tento deixar que a natureza aja sozinha e não aguento.

a única providência até agora é esta: escrever textos sem nenhuma relevância para não deixar o blog sem notícias por muito tempo.
mas quem sabe assim, alguma amiga me estende a mão, me puxa deste lugar em que me afogo e me salva…

quer comentar? não se acanhe.

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