onze horas

retorno a mim
fica para trás a temporada
de olhos extensos, 
preocupações alheias,
taças ao alto 
e farelos de frutas solitárias.

volto ao egoístico excêntrico
ao centro, ao umbigo
o meio, a campainha.
na memória, os dias que não são mais,
as alfaces lavadas,
a divisão do pão,
o guardanapo azul. 

deixo preso no calendário 
o cheiro de jasmim,
o apito da chaleira, 
as aquarelas,
nanquim,
todas as chansons
e esta casa que nunca foi minha.

esqueço as memórias,
rasgo as cartas,
picoto todas as músicas,
me encho de silêncios
e subo todas as velas.

navego. 
onze horas. 
o oceano e eu.

quer comentar? não se acanhe.

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