onde se junta o passado, o futuro e o presente

Toda vez que penso em mudança um calafrio me percorre. A insatisfação com a situação atual, que é o gatilho para coisa nova, começa a perder cores e ao olhar em volta, o tiro que fere mas não mata: nem tudo é ruim. Imediatamente uma cascata de pontos positivos se derrama a cobrir as possibilidades do futuro… Jogar-se sem saber, desafiar o desconhecido, coragem no …

3X4 – Lina Faria

Estou a pensar em Lina, uma das pessoas mais sensíveis que já conheci. Frágil, bela, rara feito porcelana de importante dinastia, ela carrega também o contraditório de ser tudo isso e ser mais: guerreira, forte, indestrutível, feito diamante que não se deixa riscar por nada. Lina me deu o presente mais importante que alguém pode nesse reino de cá: o amor da amizade. E porque …

Martyrologium Romanum

Eu comecei o ano como começo quase todos os dias: espinha ereta, cabeça a trabalhar e coração aos pulos. Estava na cama quando o calendário virou e até já tinha dormido quando os fogos começaram. Acordei. Ouvi. Li. Respondi. Dormi. Eu não sou fixada em datas. Nunca fui. As datas que obedeço são aquelas de prazos para entrega de trabalhos, de compromissos profissionais, de viagens …

haverá paradeiro para o nosso desejo?

Eu fiz um plano para minha vida. Há anos o acaricio. Minhas melhores músicas são para niná-lo. Meus versos definitivos, para saudá-lo. No meu primeiro dia de lucidez, revirei os olhos, pintei tela e resolvi sonhar. Sonhei um sonho só. Não conheço outro. Nesse caso nunca tive pés fincados. Deixei o vento soprar, fechei os olhos e vi o melhor cenário, aquele, de fadas. E flutuei tanto …

vim parando por aí…

Colecionei bobagens em baús e abri gavetas mofadas para que fantasmas pulassem. Ataquei-os. Descobri mistérios, desvendei segredos, criei enigmas. Andei, pé ante pé, ao ladinho de precipícios, joguei fora a sombrinha, escorreguei. Caí, levantei, repeti. Construí realidade paralela. Comprei passagens. Descobri outro mundo. Ganhei presentes. Aprendi lições, ensinei outras, tornei a aprender o que ensinei e esqueci o que aprendi. Voei perto de estrelas. Rastejei …

do amor que não se repete – e se repete sempre.

Eu tive muitas mães na minha infância. Uma rua inteirinha de mães que me chamavam pelo nome, pelo apelido, pelo sobrenome, pelo nome dos meus irmãos, dos meus colegas, me chamavam por a filha da Reny, a filha do Paulo. As mães da minha infância eram minhas e de toda a rua. Brincávamos livres: bola, bicicleta, rolimã, bets, conversinhas, esconde-esconde. E todos obedecíamos em uníssono …

o gás que embala o balancê

Eu gosto de ouvir pessoas que sabem sobre o que falam. Sabem não só o saber teórico, lido e aprendido; sabem o saber vivido, sentido e transformado. Acho que os jovens são assim. Lêem uma coisa aqui, escutam outra ali, compram um livro acolá, levam essa rotina em meio a vida: vão ao parque, ao cinema, ao show, à livraria, ao bar, ao teatro, à …

flecha preta

“sobre toda estrada, sobre toda sala 
paira, monstruosa, a sombra do ciúme” Lá em casa definiram os filhos assim: o irmão mais velho não tinha sentimentos menores; a do meio era o tipo boazinha, afogava toda e qualquer mesquinharia nela mesma; a caçula tinha direito a gritos de ciúme. Nem sei se éramos assim ou se aprendemos de tanto ouvir. Até hoje não sei direito …

un caballero de fina estampa…

Filho, Já aconteceu muita coisa em nossa incomum vida em comum: futebol, espera por sol, basquetebol hospital, mau humor matinal, temporal drama, falta de grana, organograma bar, banho de mar, troca de par almoço no carro, tiração de sarro, peito com catarro fratura, aventura, criadora e criatura descoberta de lugares, vestibulares, compras em bazares faxina, rotina, comercial de margarina desminto, distinto, labirinto briga, invasão de …

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