pão e vinho

foi uma surpresa. duas surpresas.
primeiro a Cibele veio e trouxe o pão que o Massimiliano fez. depois, meu irmão me deixou vinho, três garrafas.
tudo entregue na calçada, com abraços e beijos imaginários e carinho e amor ao vivo.

pensei em escrever um texto sobre os quarenta dias de Jesus no deserto. e intercalar palavras para desaguar nessa quarentena. falar sobre as tentações no deserto, escrituras e controvérsias do tipo emocionais. a quaresma.
mas, sei, não sou digna dessa morada.

acho que em uma palavra serei salva: gratidão.

Cibele, com um sorriso leste-oeste, o Massimiliano e o Matteo no carro e o socorro em forma de pão, em gesto de amizade, em corpo e espírito.
o Zeca e a Marli, olhares abertos, preocupações familiares, as risadas tensas desses tempos.
o vinho, o sangue.

achei essa passagem bonita: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os designou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”.
está no Ato dos Apóstolos 20:28, mas não posso cita-la porque não tenho fé, nem crença.

todo meu recurso de emoção vai para essa junção perfeita de num único dia, intervalo de 40 mínimos, receber pão e receber vinho.

se não fosse uma afronta à sociedade cristã uma herege fazer citações bíblicas, terminaria meu texto citando Coríntios: “Não é verdade que o cálice da bênção que abençoamos é a participação no sangue de Cristo e que o pão que partimos é a participação no corpo de Cristo? Como há somente um pão, nós, que somos muitos, somos um só corpo, pois todos participamos de um único pão”.

obrigada, Cibele. obrigada, Zeca.
também divido pão e vinho com vocês.

quer comentar? não se acanhe.

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