sobre escrever

numas horas muito difíceis recebi um e-mail lindo. demasiadamente lindo.
palavra por palavra, como se cada uma fosse um ponto e a tela um tecido, o texto foi bordado transbordando de belezas.
belezas azuis. porque é azul o céu.

não soube como responder.

eu sempre sinto uma felicidade muda quando sou vítima de generosidade.
fico encharcada de lágrimas que não despencam, que me fazem companhia por dentro, que estampam um meio sorriso em meu rosto, que apertam meus olhos, que afirmam a beleza da vida.

uma vez, a Iara me contou que a sua mãe, com Alzheimer já bem avançado pedia a Doris “para ler o livro da Adriana”. e a Doris, mãe da própria mãe, lia e relia historinhas do “toda prosa”.
fiquei assim, como estou hoje.
e sempre que lembro desse momento, minha vida se enche de gratidão e penso que bom que isso aconteceu comigo.

teve um dia, que um colega, o Luís, me disse que estava na praia e não conseguia parar de chorar por causa de um texto que escrevi.

ia citar outros acontecimentos parecidos, mas eu não quero, não quero mesmo, de jeito nenhum, que pareça que estou a jogar confetes em mim mesma, como se fosse a rainha do bloco da vaidade.
não.
eu só quero dizer das coisas maravilhosas que a escrita me proporcionou, me proporciona.
só isso.

numas horas muito difíceis recebi um e-mail lindo. demasiadamente lindo.
palavra por palavra, como se cada uma fosse um ponto e a tela um tecido, o texto foi bordado transbordando de belezas.
belezas azuis. porque é azul o céu.

escrever é poder encontrar com as pessoas no lugar sagrado do silêncio.
mesmo que haja música.
obrigada, Ianca.

quer comentar? não se acanhe.

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