memória Arquivo

infância premiada

é sorte maior, daquela de loteria, ser neta da minha vó. ela não está mais por aqui. mas ainda é tão minha avó que a sinto muito presente e vira e mexe ela me surpreende com uma presença no caminho, um cheiro, uma lembrança, uma imagem, um quadro. a Rosa, minha avó materna, não foi abrasileirada com esse nome à toa. o original era Ruschka (não …

sobre tudo que existe

Há meses procuro uma cadeira para acomodar o esqueleto com conforto e sem colecionar os prejuízos de horas na frente do computador. Faço meticuloso test-drive em todas: altura, coluna, pernas, braços, boniteza, cor, estado, história. Encontrei na minha memória o modelo ideal, coisa antiga, do tempo que meu pai tratava de suas lições do Colégio Estadual. Madeira, pés fixos, assento arredondado e parte de trás …

nos fios da memória

Eu tive os melhores avos do mundo! Os pais da minha mãe eram pessoas sensacionais, diferentes, complementares. Sabiam da felicidade dos netos.  Ontem, minha prima Giovana, que não teve a mesma sorte de convívio que eu e meus irmãos, me pediu para contar um pouco sobre o Estefano, o dono do sobrenome que visto.    Gio,  O vô era um homem grande, bonito, vaidoso. Lembro …

são tantas já vividas

Quando eu saí da rádio, trouxe comigo muitas lembranças, muito aprendizado, muita amizade, muita camaradagem… esses bens que a gente guarda no coração e carrega pela vida, a contar o que valeu, o que importa.   Mas com os valores imateriais vieram também quatro caixas de recortes desses anos todos. Duas ainda estão no carro e à outra metade me dispus a arrumar hoje.   …

arrastando pela vida

Dos sonhos de criança alguns ficaram, outros foram embora e boa parcela acabei por esquecer. Algumas coisas eu lembro bem: queria ser caminhoneira e queria ser carteira, sim, daquelas de uniforme amarelo e azul. Da minha pretensão de ganhar as estradas, sobrou a vontade de viagem, a necessidade de liberdade e o desejo de dobrar novas esquinas. As aspirações de carteira se transformaram em impulso …

de escola e outras coisas

Eu estudei no Colégio São José. Não fui santa, não fui bem comportada, não ouvi de cabeça baixa. Mas fui ótima aluna de notas e conteúdos. Dia desses encontrei um boletim que atestava o registro mais vil em Física: sete pontos no terceiro bimestre a manchar um documento que não conhecia nada abaixo de oito (falho sistema!, nunca fui digna de sete em Física, a …

“o passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.” – Mário Quintana

De vez em quando meu passado vem me visitar. Chega, bate à porta, nem espera resposta e entra. Não diz a que veio, mas me revira, chacoalha, joga pro alto e espera, que como gata, eu caia em pé.  Coisas que não lembrava mais, sentimentos que julgava perdidos, peças desse tabuleiro que é minha vida ressurgem.  Quem é que pode se separar da própria vida? …

números que eu sei de cor

Desde sempre tive mais vontade das letras. Minha inclinação, desde cedo, despencou para a coisa da palavra. Textos, livros, músicas, poesias… Lembro que, ainda menina, sublinhava trechos de livros e reescrevia-os num caderninho ensebado que me acompanhava; depois os transformava, desenvolvia, fazia-os virar histórias. E assim vim caminhando até aqui: me maravilhando com quem tem boas ideias e sabe trabalhar as palavras.  No entanto, minha …

palavras e imagens

–      Parabéns, mãe!   Foi assim que acordei hoje às 6 da matina. Pelo telefone, do outro lado do Atlântico, em outro continente, com outro fuso, atento a mil outras atrações, meu primogênito me encheu de felicidade e amor com a surpresa da ligação.   Algumas coisas são tão compensatórias! Pensando nisso, durante a manhã, lembrei de algumas frases, que falei ou ouvi e que me …

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