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pode ser que seja este o último dia da vida
e eu, confusa, caminhe pela cidade
a procurar a saída desta noite escura
a testar todas as chaves
no que conheço como única fechadura
ou me jogue, sem rede,
de toda esta altura
de onde vivo, sem saber,
a grande, irreparável, inconcebível, loucura.

pode ser que seja este o último dia da vida
e eu, aguerrida, continue a luta
a combater o que penso que conheço
o que me consome do lado do avesso
o que me sofre e amorteço
tudo aquilo que nem tem endereço
e mesmo assim me dou ao excesso
do ingresso, do congresso, do expresso.

pode ser que seja este o último dia da vida
mas pode ser que seja só o último dia do ano
e, tanto faz, porque de qualquer jeito
eu passo, rasgo, conflito
e me engano.

quer comentar? não se acanhe.

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