adeus, 2023

gosto sempre de publicar um texto nos últimos dias do ano.
é uma especie de ponderação sobre o que vi, vivi e senti. um hábito que me ajuda a pontuar algumas coisas e não ser completamente enganada pelo humor do presente a respeito do passado.

a retrospectiva me salva sempre.
não é que eu faça um esforço de reinterpretação. não. eu sei bem sobre os desertos que atravessei. e sei bastante também sobre quando cantei em festa.
olhar para os trezentos e sessenta e poucos dias que estão no meu rosto em novas linhas é um jeito de respirar fundo e decretar: mais uma vez, uma vez mais, sobrevivi.

sobreviver.
o dicionário ensina que é “Permanecer vivo apesar de algo; continuar vivendo depois de uma situação desastrosa (…) Insistir; não sucumbir a ação de; continuar existindo”.

sobre viver.
ninguém sabe nada sobre isso.

este ano não tenho vontade de escrever o que me aconteceu. nem de ver fotos.
estou muito apressada porque é urgente, urgentíssimo, que eu planeje 2024. não sei fazer isso. lidar com o futuro é, para mim, uma complexidade entupida de limitações.
tenho predileção pelo hoje.

para não terminar o ano sem nada sobre o que passou, resolvi reunir substantivos. um do ladinho do outro, para que se misturem e se tornem uma pasta única, que ficará para sempre como o que sobrou de 2023.

pele-desenho-calor-jardim-defesa-saudade-casa-correio-chuva-filha-admiracao-jaqueta-ambulancia-amizade-praia-filho-amor-bordado-pedra-frio-pai-mae-irma-irmao-coluna-carona-delicadeza-dente-aviao-feira-cafe-onibus-texto-girassol-governo-desrespeito-vinho-meia-relogio-caneca-silencio-arvore-saudade-livro-crianca-vespa-cianotipia-etcetera.

quer comentar? não se acanhe.

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