endereço: no pé do arco-íris

nômade: diz-se daquele que não tem habitação fixa

eu sou uma itinerante que riscou nos limites da cidade as possibilidades de endereço. embora tenha paradeiros em paraísos longe daqui, não consigo que a enxada do destino cave fundo a ponto de desprender minhas raízes. Curitiba.

volta e meia reúno as tralhas e me mudo. já morei em tantas casas que nem me lembro mais. e de uns tempos pra cá as opções ainda têm sido mais restritas porque me acostumo aos bairros, dois ou três me atraem a ponto de querer ver seus CEPs em minhas correspondências.

dia desses comecei a sentir a vontade de trocar de ares. passeei nos classificados da internet a ver espaços, informações sobre pé-direito, número de quartos e tudo que eu preciso para fincar bandeira, pendurar meus quadros e guardar minha escova de dentes.

a primeira coisa foi uma animação súbita sobre como o preço dos imóveis baixou, depois a realidade absoluta ao me lembrar dos motivos.

eu vi apartamentos lindos, super descolados, novinhos em folha, charmosamente decadentes (como aquele em que morei tanto tempo na Alameda Cabral), imensos, minúsculos. li tanta variedade de informações que acho que estou apta a fazer a prova do CRECI.

mas nada me pareceu bom o bastante, bom a ponto de superar meu endereço com espaço e pracinha. só ontem pela manhã entendi minha incapacidade de voar novamente.

acontece que há um momento exato nas manhãs e tardes que vagueiam entre o outono e o inverno em que o sol aponta nas janelas do meu banheiro. ante meridiem na da direita, post meridiem na outra. até aí tudo bem, não é o fato de ter duas janelas no banheiro que me impressiona. o lance é que quando acerto e tomo banho nos horários precisos, a luz do sol e a água da ducha formam arco-íris.
cara! quem é que pode se mudar de um lugar em que é possível tomar banho com/de arco-íris? acho que moro naquela casinha da paisagem, sabe?

estável: que está fixo, firme ou fincado

*foto do blog temmais.com

quer comentar? não se acanhe.

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