desenhei

sem pudores, peguei papel, canetinha e risquei a folha.
pretensão? a de deixar a cabeça livre do corriqueiro.
não tenho habilidade, menos ainda conhecimento técnico sobre artes gráficas. logo, expectativa alguma numa atividade assim.

é uma novidade fazer uma coisa sem regra.
por causa da minha inexperiência nesse tipo de aventura, ignorei padrões, desprezei método, deixei a mão solta e trêmula. só me revezei entre três canetas e fui preenchendo espaços, compreendendo que o desenho é como o texto, como a música, como a vida: tratar de dar um equilíbrio mínimo no vazio.

meu amadorismo não teve pudores nem freios. não fiquei preocupada nem envergonhada. não tive nenhum tipo de censura.
e se alguém entrasse aqui no escritório e visse meu desenho e falasse mas que coisa mais boba essa que você fez, eu não ligaria e sorriria feliz, pensando que fiz uma coisa e ela não pretende nada além dela mesma, então, não há problema em ela ser o que é.

as regras impostas no texto, o método para comunicar, todos esses anos entulhando a cabeça com livros, com pensamentos sobre como contar uma história, voaram para muito longe.
conheci uma espécie de liberdade que só é possível mesmo, de verdade, para uma ignorante.
não tenho orgulho desta ignorância. mas minha rudeza no assunto me permitiu fazer o que eu bem entendesse com o papel e três canetinhas. sei que essa experiência nunca mais vai se repetir porque agora, agorinha, quando fotografei o resultado para estampar essas linhas, olhei com muita severidade e senso crítico e pensei que até para uma amadora o negócio poderia ter sido melhor.

talvez, o meu passatempo inocente e infantil tenha sido a coisa mais subversiva que fiz na vida. e ela não poderá nunca jamais se repetir.

Uma resposta

  1. Zeca

quer comentar? não se acanhe.

Pin It on Pinterest