uns dias antes do Natal, tive uma contratura muscular.
o lance começou no pescoço, escorregou pelo ombro, com o passar das horas, desfilou pelo meu corpo. no final da tarde, eu não conseguia levantar o braço direito e mal dava para caminhar.
tomei providências – com agulhas e massagem.
tomei remédios – com analgésicos e anti-inflamatórios.
melhorei um pouco. mas ainda sinto o peso nos ombros.
ainda sinto o peso nos ombros. ainda sinto o peso nos ombros. ainda sinto o peso nos ombros.
agora pouco, quando minha irmã me apontou um lance para eu ver, tive que responder: ‘desculpa não consigo olhar para trás’.
a resposta foi por conta da minha condição física, que ainda não permite que meu pescoço faça giros audaciosos, mas ela também tem o sabedoria dos músculos, o aviso intuitivo, a inteligência dos sinais pregados no caminho: não olhe para trás.
meus músculos são generosos no parecer: sim, há peso nos ombros, mas braços e pernas estão livres; vá, não olhe para trás.