mil voltas, voltas, que dei

tenho horror e vergonha de uma cafonice que vira e mexe bate na minha porta. sem crivo, me desprendo, me encho de gentilezas, “entre, fique à vontade”, e me esbaldo.

 
escuto música o tempo todo e sei bem do que gosto e do que não gosto – e dos respectivos porquês. mas é estranhíssimo quando alguma coisa atravessa essa muralha construída naturalmente com sensibilidade, formação e informação. não é tarefa fácil engolir em seco e me dobrar diante de rima pobre, acorde surdo, construção de areia.
 
agora pouco, a vasculhar a internet por uma gravação para minha coluna de música da Ideias, entrei naquele looping que é a barra direita do YouTube. caminho sem volta, sem fim. e foi lá que encontrei o Celso Fonseca, violonista que respeito, compositor que gosto, entregue a umas bizarrices que eu jamais ouviria, nem pra saber, nem de brincadeira. 
mas como era ele a empunhar o violão e se ajeitar em frente do microfone, dei crédito. abri o ouvido e escutei. 
 
surpresa! 
 
ah! o Fonseca é tão meigo, tão lindo, tão delicado que conseguiu arrancar boniteza de “Beleza Rara”, música que, pasme!, servia para Ivete Sangalo, quando ainda era novinha e musa da Banda Eva, saracotear em cima do palco como se tivesse numa aula de aeróbica.
 
ele sabe dizer as palavras de um jeito tão particular, que bati a cabeça três vezes na parede por nunca ter feito a frase comum, pura e boba “amo, amor, você” ou “o brilho encantante como dos teus olhos” não sei quem é o autor de letra e música, mas sei que não gostei Ivete e Celso me revelou-a.
 
aí, Beleza Rara, raríssima: 
 
 

 

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