na fumaça do cigarro

não fume, me dizem.

não preciso da nicotina, do tabaco, das mais de não sei quantas substâncias e venenos.
não preciso do câncer, nem do enfisema. detesto o fétido nas roupas e na pele.

aqueles minutos de nada; a brasa e o cinza; o girar do isqueiro, o clique e a chama. a fumaça.
e sobretudo o silêncio.
o momento de silêncio e solidão, este instante que acontece durante o cigarro, é disso que eu gosto, aí mora meu vício.

há um tipo de espremer dos olhos, um olhar lá longe, um entender do mundo que só acontece dentro do tempo do cigarro.

gostar de fumar, eu nem gosto, mas não consigo me livrar daquele tempo urgente de solidão silenciosa, quando, ao lado de Laura, a árvore, posso ser e estar, posso to be, com meus pensamentos sem a obrigatoriedade da fala, sem o pormenor da explicação, sem o mundo.

quer comentar? não se acanhe.

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