o cachimbo é de ouro

Eu queria que todos os dias amanhecessem assim, como manhã de domingo. 
A brisa entrando suave na janela, um violão vadio na agulha, ao longe as risadas das crianças. 

Queria também que esse solzinho fraco, leve, quase de outono, que beija as plantas e doura o chão da sala continuasse igual por todo o dia, por toda a noite, por toda a vida.

Queria a possibilidade das janelas do prédio ao lado abertas e que a alma de meus vizinhos permitissem saudação rápida, sem palavras, traduzida em sorriso e aceno. 

Queria mais, queria que essa poltrona ficasse me abraçando assim em seu colo por muito tempo e que esse livro não acabasse já. 

Queria ter voz rouca e sensual para poder declamar em cor de carmim toda a poesia do mundo.

Queria que essa manhã de domingo tivesse o canto de passarinhos e o cheiro do mar. 

Queria ainda que se misturasse a essa leveza, que é metade vivida e outra metade sonhada, a certeza da paz permanente de que esses dias melhores que tenho hoje se desdobrarão em muitos outros. 

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