o novo

estico as pernas embaixo da mesa do café
e estranho a vontade dos músculos,
para sempre eles me pedem encolhimento,
retração,
joelhos dobrados,
coluna curvada,
olhos nos sapatos.

respiro fundo e percebo a felicidade do pulmão.
sempre castigado:
fumaça, poeira, ares curtos, todos os ácaros.

entendo a vontade do corpo,
essa hora que marca o grito e o tirar, peça por peça, de toda a roupa.
e deixar tudo para trás.
e queimar os medos, os gostos, as máscaras, as vestes.
e pular da sacada
e voar livre até o outro continente
onde, lágrimas nos olhos,
um novo horizonte sorri
em flerte comigo.

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