detergente, sabonete, sabão para a roupa e outras coisas do gênero estavam na minha lista do mercado.
essas anotações não diziam sobre a qualidade da limpeza da casa nem da minha higiene pessoal. não se tratava do que faltava em meus armários ou em minha despensa, as prateleiras estavam lisas e de café a arroz, de biscoito a ovos, era preciso entupir um carrinho.
mas, na minha lista, só esses itens.
as anotações me deram vontade de chorar. o que representava aquela lista?
eu preciso limpar?
preciso desinfetar?
preciso lavar?
que sujeira é esta que me impede de escrever geleia ou macarrão ou iogurte na minha lista do mercado?
fiz os caminhos dos corredores a lembrar de coisas e puxa-las sem muita energia para o carrinho, esteira, sacola.
subi a ladeira de casa distraída desses pensamentos, mas quando terminei de enfrentar a distribuição dos produtos, pensei que precisava tomar um banho. e lavar o cabelo.
calor?
rua?
mercado?
caminhada?
por que eu precisava de um banho?
também me ocorreu que era urgente varrer o chão da cozinha e lavar a louça e limpar o banheiro e tirar o pó da estante da sala e separar os papéis do escritório e muitas, muitas outras coisas do tipo.
por óbvio, concluo, alguma coisa em mim grita por uma limpeza geral, um brilho, uma areada.
não sei como começar a purificação necessária.
enquanto penso, descongelo a geladeira, acendo vela e incenso.