retiro

saio do mundo e me tranco em casa,
paredes brancas
teto branco,
início do retiro.
aguardo pelo dia
que o mar vire sertão
e caia uma noite
escura como sempre
estrelada como nunca.
sentada, poltrona branca,
espero pelo juízo final,
piedoso, contemporâneo
quase religioso
que, provável, amanhã.
 
tiro tudo do quarto
os móveis
as cores
os quadros,
jogo fora todos os sapatos
e os casacos que ainda teimam
na cor azul.
remonto os segredos sem imagens
e sufoco pérolas, esmeraldas e rubis
em caixas de veludo
para que nunca mais
respirem o ansioso, miserável,
abstrato das manhãs.



								

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