a vazante da infomaré

estou diante daquele pequeno problema que passamos todos de um tempo para cá. o meu computador parece que está cansado.
fraqueja, coitado.
mais de dez anos de bons serviços e agora me sussurra que se eu continuar a abusar de suas funções ele não ficará comigo por muito tempo.

não tenho pretensões de trocar de máquina.
eu detesto trocar minhas coisas.
telefone fica comigo até o último suspiro. quando eu tinha carro, acostumava-me ao modelo até quase construir uma relação com o mecânico de tanto que o via. a incansável bolsa com que vou trabalhar todos os dias se despedaça pelo caminho, está comigo há uns 13 anos. minha botinha preta, há sete. a saia evasê, nove. os brincos, 20 anos.
tenho meus apegos.

para tentar prolongar o relacionamento com meu computador resolvi fazer uma faxina e apagar arquivos que ocupam lugar e não dizem nada.
outra surpresa.
sou também fechada com as tranqueiras virtuais.
há pastas. muitas pastas. pastas dentro de pastas. e dentro delas arquivos e mais arquivos.

meu primeiro pensamento foi comprar um HD externo, copiar, colar e apagar. ou comprar mais espaço na nuvem e migrar tudo para lá. mas estas não são ações exequíveis.
é preciso uma providência anterior, a de descarte. depois da limpeza, a organização. e, por fim, a cópia num ambiente seguro.

até agora apaguei quinhentos e oitenta e oito arquivos. quinhentos e oitenta e oito! words, pdfs, jpegs, excels. todos foram embora.
estou no início do processo e planejei trabalhar duas horas por dia nisso até chegar a um conceito minimalista.

no entanto, abri uma pasta que se chama ‘terminar depois’, dentro dessa pasta há 67 arquivos, e duas pastas, uma se chama ‘poemas incompletos’, tem 19 arquivos lá dentro; a outra, ‘para desenvolver’ e concentra outros 27 textos.
numa pastinha de nada 67 + 19 + 27 = 113 documentos que tenho que ler e avaliar se vale a pena que continuem a existir.
é possível manter essas 113 promessas amputadas sem lê-las? é possível apagá-las como se nunca tivessem existido, porque de fato nunca existiram? é possível seguir sem a tentativa de reconstrução de cada um?

só estou no começo do processo…
preciso muito encontrar um barco que veleje nesse infomar.

quer comentar? não se acanhe.

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