lua cheia

no anoitecer de sábado a Lívia teve notícias de uma lua linda no céu. estávamos entregues ao sabor de muitas conversas e nossas janelas não permitiram o ângulo ideal para a saudação.

pois bem, ontem, depois de um dia inteirinho dedicado à preguiça pra mim e estudos pra ela, Lívia me pediu para sairmos e procurarmos a companheirinha.

subimos no carro e nos mandamos para um ponto alto da cidade, endereço que conhecemos de cor em noites de lobisomem. compramos umas besteirinhas de comer e nos fincamos na espera – céu era tela de cinema, lua protagonista, estrelinhas coadjuvantes.

o tempo passou e nada de lua. sabíamos, pela agitação do cão dentro do carro, que ela estava prestes a acontecer. e esperamos mais. e mais. e mais um pouquinho. confusas com o mistério de sua não exibição num céu muito limpo, resolvemos voltar pra casa.

e foi no caminho de volta, esticado por uma última tentativa numa rua que não fazia parte do trajeto, que dobramos uma esquina e a vimos. começava a rasgar o horizonte, linda, amarela, gravidíssima, muito maior que o normal.

paramos o carro na avenida, ligamos o pisca e ficamos observando sua subida. e foi lindo! e surpreendente! num momento em que a gente acha que as pessoas estão muito preocupadas com as futilidades da vida e não têm olhar para as belezas que nos cercam, carros foram diminuindo marchas, parando, também ligando seus alertas e todo mundo se admirando com aquela beleza toda. era como se todos estivéssemos hipnotizados e ali, no meio da avenida, tínhamos pensamento único de saudar e admirar a beleza.

é bom estar entregue ao belo, melhor ainda saber que outros também estão. em noites de lua cheia, parece que o mundo tem salvação.

foto de Orlando Kissner, sábado à noite no Abranches. a que está lá em cima é de alguém que a fotografou em Verdugo, aprovar que a lua que aqui gorjeia, gorjeia como a de lá, foi mais ou menos assim que eu e Livia a vimos.

foto de Orlando Kissner, sábado à noite no Abranches. a que está lá em cima é de alguém que a fotografou em Verdugo, a provar que a lua que aqui gorjeia, gorjeia como a de lá, foi mais ou menos assim que eu e Livia a vimos.

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