nova língua

rasguei as poesias
todas as folhas.
puxei do sabugo as letras trôpegas
e esmigalhei cada uma.
sozinhas, aos pedaços,
não são nada
a não ser a lembrança,
vaga lembrança,
de quando eram escolhas.

queimei os livros,
um por um,
sobraram as capas
e uma tempestade enfurecida
que se joga,
incendeia nuvens
acaricia o caos,
abre-alas para próxima etapa.

discuti com as palavras
inventei os nomes
inverti os termos
uma a uma, calei-as
compus nova língua
e alimentei-a de silêncios
aqueles que matam todas as fomes.

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