receita de magret de canard ao molho de laranja

minhas prendas domésticas são restritas, têm limites muito bem marcados e qualquer distraído que entre aqui num dia vulgar pode percebê-las sem muito esforço. a casa tem certo movimento, amigos e amigos dos filhos chegam sem hora marcada e improvisamos conforme a necessidade do momento. não sou boa cozinheira, mas tenho alguns truques na manga. procuro mantê-los vivos para emergências de qualquer ordem. hoje, serviço …

os donos da verdade

tenho cá meus problemas com os donos das verdades absolutas. eles são chatos, cheios de limites. restringem o mundo, as coisas do mundo, a um quadrado nada elástico e o que é válido tem que caber ali. criticam, sangue nos olhos, quem pensa diferente. não conhecem bem o significado da palavra respeito e estão completamente afinados com a intolerância. os donos das verdades absolutas gostam …

retrospectiva 2015

amiga de todos os carnavais me sugeriu que fizesse, próprio punho e forma particular, uma retrospectiva de 2015. disse para eu inventar umas colunas e tratar de preenche-las: alegrias, tristezas, frustrações, vitórias, negações, viagens, brigas, presentes e por aí segue. obediente e adoradora de listas, tratei de fazer a viagem de volta e caminhei pela memória. ao fazer as anotações saquei que tantas intensidades amontoadas …

na fotografia alheia

há alguns anos estava com Dé em Paris. era verão, muito verão. um calor cuiabano distorcia a paisagem e todo mundo procurava jeito de amenizar os 40 graus que vinham pelo ar, batiam no asfalto e aumentavam no andar. era dia de museu. pela terceira vez o Dé entrava no Louvre. eu, seduzida por um flautista que soprava ternuras no corredor externo do museu e …

malas de viagem

quem são os donos das malas que dão mais de duas voltas nas esteiras dos aeroportos? por que a minha bagagem demora a eternidade para se arrastar deitada, ponta-cabeça, estrupiada e cansada até que me olhe aliviada? não importa o tipo de etiqueta, a cor, o número de fitinhas, identificação, recados. não importa nada!, minhas malas sempre chegam depois e inevitavelmente com um ar desmoralizado, …

31

pode ser que seja este o último dia da vida e eu, confusa, caminhe pela cidade a procurar a saída desta noite escura a testar todas as chaves no que conheço como única fechadura ou me jogue, sem rede, de toda esta altura de onde vivo, sem saber, a grande, irreparável, inconcebível, loucura. pode ser que seja este o último dia da vida e eu, …

histórias e flores

ando tão distraída nas últimas semanas que perdi a aflição da escrita. tudo e nada me envolvem de um jeito que acabo em silêncio. invento histórias para as imagens que vejo da varanda, cada um dos vizinhos ou passantes tem um universo muito amplo a partir do meu olhar. cada um deve ter mesmo, mas as fantasias que me brotam vão além de suas realidades. …

deleite dourado

nas voltas pela França, dessa vez com tempo mais alongado para fruir os prazeres com calma e atenção, conheci amor definitivo. o que mais me impressionou foi a empatia, a maneira precisa como ele compreendeu minhas vontades e dedicou-se a me fazer feliz. não sei se dei o devido valor na primeira taça, mas na medida em que o tempo passou, fui compreendendo melhor as …

os moinhos

nas voltas pela Holanda, a Ria me mostrou e falou de lugares em que bruxas eram queimadas, afogadas, exterminadas… aquelas coisas absurdas que conhecemos dos livros de história, em que se uma mulher morresse após ser tacada numa fogueira era a prova de que não era bruxa, mas aí era tarde demais. lamentos. estive hospedada na casa de fadas. mulheres lindas, amáveis, cheias de encantamentos. …

IAMsterdam

não tenho como hábito falar de grupo de pessoas. nem bem nem mal. não gosto de tratar coletivamente. acho injusto, chato, burro e raso. afinal, penso que essa coisa de “os brasileiros”, “os latino-americanos”, “os protestantes”, “os Sydor” etc não existe em características amplas e verdadeiras. cada um é muito mais que o coletivo. não se deve reduzir… mas estou aqui na Holanda de novo …

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