para que serve sonhar?

fui educada dentro de limites, linhas muito claras sobre o que se pode e o que não se pode fazer. os discursos nunca deixaram dúvidas.
por exemplo, num mundo em que todos mentiam, era clara a ordem: não se pode mentir! como se não fosse embaraçoso demais observar mentiras e não poder recorrer a elas, tinha ainda por cima a punição por falar a verdade.

nunca compreendi direito as camadas que formaram as represas tão presentes nas águas da minha educação.

desde muito cedo também passei pela poda dos sonhos.
na minha infância me foi ensinado que não era bom sonhar muito, sonhar alto, sonhar grande. era como se o sonho fosse o responsável pela decepção.
repito: era como se o sonho fosse o responsável pela decepção.
sonhos e vontades, tentaram me ensinar, só eram aceitáveis dentro das possibilidades reais de realização.
limites nos sonhos.

ninguém deveria ser ensinado sonhar com limites. sonhos fazem parte de um outro lugar. são correntezas fortes, que carregam a existência com a ferocidade ilimitada da imaginação.
poder sonhar é saber viver.
poder sonhar é o contrário de realizar, está no campo das coisas imateriais, dos espaços sem paredes, das experiências que não precisam da explicação cartesiana dos dias.

sonhar é sobre aliviar, sobre iludir, sobre melhorar.
é crescer, animar, devanear. é imaginar além do aqui e agora.
sonhar é igual a partir, a regressar, a idear.

sonhar é uma liberdade.

quer comentar? não se acanhe.

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