pensamentos matinais

tinha umas coisas para fazer muito cedo, como por exemplo, olhar pro teto, me virar sozinha na cama e pensar no futuro.

estava meio que fazendo tudo isso junto quando o sol começou a nascer.
acho tão lindo dizer que o sol nasce, porque o sol nunca morre. ele se põe. ele desce. ele vai embora. mas não morre. agoniza entre azuis, laranjas, lilases e não morre. só parte para voltar mais tarde, no outro dia, quando dizemos que ele nasceu.
o sol começou a nascer na minha janela enquanto eu estava fazendo coisas como deitar em cima do braço, puxar a coberta até a orelha, fechar os olhos para fingir que estava dormindo.
não sei em qual momento, entre uma coisa e outra, passei a fazer a lista de compras. percebi que não sabia quase nada do meu armário, da minha despensa, da minha manutenção. não sei nada sobre prover minha vida, sobrevivo por sorte, pensei.

às sete horas fui ao mercado, porque sou uma idosa precoce e faço compras nesse horário. às oito, tinha olheiras fundas, bocejos infinitos, compras mal feitas e tomava café enquanto pensava em coisas como lavar as roupas, ir ao dentista, comprar ovos, pagar contas e vitamina D.

2 Comentários

  1. Nanci Gabardo

quer comentar? não se acanhe.

Pin It on Pinterest