há alguns anos tive uns problemas.
sérios.
contraí os músculos, estabeleci uma posição de defesa, tranquei o rosto.
como herança que se identifica de imediato, duas rugas fundas e irreversíveis entre os olhos e um maxilar duro, que pressiona os dentes, retira naturalidades e impõe pouca conversa.
de lá para cá perdi a ponte da influência sobre o que incide sobre o que. se antes, o meu estado emocional motivava mudanças no corpo, agora, meu moto-contínuo é composto também pelo contrário. nesta engrenagem, sei que o estado do meu corpo também afeta a minha outra parte: ao me ver dura e sisuda no espelho, fico sisuda e dura na vida.
mais que isso, ao conversar com alguém, sei que quem está diante de mim vê um rosto pouco convidativo e para não decepcionar nem confundir ninguém, tenho reações antipáticas e pouco abertas a conversa.
quem diria? logo eu, sempre tão meiga e sorridente…
como uma coisa leva a outra, de tanto pressionar a mandíbula, consegui, sei lá como explicar, microfissuras ósseas, umas, acho, minúsculas fraturas que doem muito, amolecem meus dentes e pressionam minha cabeça.
por tudo isso que ontem, quando a menina que opera a geringonça que faz raio x brincou animada ‘vamos ver o que há nesta cabeça’, eu respondi com ironia e adaptação, escondendo a harmonia: um pote até aqui de mágoa, qualquer descuido pode ser a gota d'água...
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