literatura Arquivo

para onde estamos indo? estamos indo sempre para casa

a coisa boa de ser ignorante é a condição inesgotável para grandes surpresas. mais de quatro décadas depois do lançamento, conheci Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. obviamente já me tinha sido indicado e por duas vezes já o tinha comprado. nenhuma delas durou muito aqui na estante, logo passaram para as mãos dos amigos atentos: o primeiro me disse que adorava e não tinha mais; a …

foi bonita a festa, pá!, fiquei contente

nessa semana teve inauguração de exposição no MON. Jaime Lerner e seus 50 anos de arquitetura, de criações. entre tantos feitos (que melhoraram a vida de gente que nem sabe de sua mão em suas rotinas), lançamento de livro.     trabalhei no livro. com felicidade e cuidado fui ouvinte e leitora de Lerner em histórias infinitas, suas viagens sentimentais, confissões de amor e respeito …

no privacy

pode ser que eu esteja enganada, até é bem provável se considerar minha crônica burrice a respeito de tudo que anda, voa ou se arrasta, mas tenho a impressão, desde sábado à noite, que um vizinho me espia.    o lance começou quando eu lia na poltrona da sala. era noite e por conta de um ventinho perturbador levantei para fechar a janela. como de costume …

planos

a minha amiga Susana Volpi escreveu assim, eu gostei: Abri a porta e meus olhos brilharam nos dele. Flores. Buquê imenso de gordos botões vermelhos na mão esquerda. Com a direita enlaçou minha cintura e me beijou. Rodopiei o corpo e me larguei. Sentados na sala, ouvi suas histórias e ele perguntou sobre as minhas. Desenhamos os planos para próxima viagem. Paris nos esperava. E …

yo no vengo a decir un discurso

  Ainda menina queria ser Gabriel Garcia Marquez quando crescesse. Não tinha propósito com a escrita, mas buscava um jeito de me aventurar em histórias bem contadas, tiradas de vida rica, olhar atento e devaneios por decisão. Fui conhecendo-o aos poucos e me apaixonando na medida. Teve uma época que renunciei a todo pretendente porque bordava-o na cabeça minha metade – sonhava, arquitetava planos, planejava …

confissões

Há alguns anos eu estava em São Paulo, na Livraria da Vila, a fazer hora para uma matéria que um programa da TV Cultura faria comigo. Como estava um bocadinho nervosa, não dei conta de ler (o que seria o mais óbvio para deixar que os ponteiros cumprissem o seu papel e o pessoal da produção ajeitasse tudo). Fui para as estantes infantis vasculhar. Puxei …

a morgadinha de júlio dinis

Júlio Dinis é escritor da literatura portuguesa de pouca expressão no Brasil. sabe-se lá o motivo. em Portugal ele tem respeito e reconhecimento e busto na praça e nome de rua e recomendações e aplausos. meninota conheci, apesar do título maravilhoso, sem grande empolgação, “As Pupilas do Senhor Reitor” e só. foi tudo que soube do tal do Dinis, nascido na cidade do Porto em …

o que pode lançar mundos no mundo

Um dia desses me fizeram a pergunta sobre o livro que mais gostei de ter lido. Na hora fiquei com medo de cometer uma injustiça, movida por minha falta de memória. Ou de dar atestado de ignorância por não citar um clássico. Ou de me mostrar superficial por citar uma literatura fora dos padrões de resposta.   Achei a pergunta cretina. Julguei-a impossível (ou impossible …

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