terapia de supermercado

quando algum pensamento fica batucando na minha cabeça daquele jeito muito perturbador, que não dá folga e vai me engolindo, vou ao mercado.
pego um carrinho e trato de pensar na elaboração de um prato – quanto mais ingredientes melhor.

ando pelos corredores procurando o que preciso para a ficção da culinária. primeiro azeite, depois cebola, alho, sal, tomate. e faço o trajeto exatamente na ordem que devo colocar ingredientes na panela: pego o azeite, depois vou à cebola, o alho; saio, vou atrás de sal, volto para o tomate e assim por diante. fico percorrendo o grande labirinto feito uma barata tonta. um vai e vem confuso e solitário.

ando pelas galerias concentrada na preparação e se o antigo pensamento dribla essa rotina de esquecimento, começo do zero. e recomeço. e faço isso quantas vezes forem necessárias.

ontem estava a tratar dos meus problemas no mercado e lá pelas tantas, numa quebrada qualquer entre palmitos e ervilhas, um atendente me interrompe: vejo que você está precisando de ajuda. era só eu responder que estava tudo bem e pronto, em vez disso, coloquei a mão em seu ombro e desatei a chorar: sim, você não imagina o que me aconteceu

acho que é hora de voltar à terapia.

quer comentar? não se acanhe.

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