recebi fotos de viagem. diversas. minha irmã parece que sabe a hora exata para fazer as coisas. quando meu olhar estava mais para a próxima viagem que para a anterior, mais ao longe do que o que ainda está tão pertinho, ela me manda correspondência imensa com nossa memória de Salvador.
curioso reparar em algumas coisas.
a comunhão com o mar realmente me faz outra. há liberdade, vontade, desejo que não se reprimem e, mais importante, que eu não reprimo. é um lance da carne, mas movido pelo espírito. uma mistura de várias coisas que sei bem, mas não tenho jeito de explicar.
essa sincera emancipação das sedes é um prazer difícil de descrever e ao mesmo tempo desnecessário, porque acho que todo mundo tem um ponto na vida, um lugar, um ânimo, uma pessoa, que provoca esse estado absoluto. a minha questão é com o mar.
e ao ver as fotos me inaugurou toda essa memória de vastidão além de mim, mas comigo, também em mim. é como se todo aquele azul me penetrasse por todos os poros e quebrasse qualquer parede que insiste em me segurar.
é no mar que me sinto livre.