Sobre Curitiba Arquivo

terra da felicidade

a cidade de Salvador é, pra mim, um estado. de espírito. lugar que povoa minha imaginação de forma muito descolada da realidade de uma metrópole em que quase três milhões de pessoas vão e vêm.    a Salvador de toda minha vida tem baianas do tempo do imperador; acordam em trajes brancos, rendados, rodados e adocicam tudo com aquele jeito manso de falar, um acarajé …

gentileza gera estranheza

há muito que ouço por aí sobre como as pessoas são brutas, não se olham, não se ouvem, não se gostam, não se reconhecem.  acho que são pequenos rios que vão em direção a um grande mar de confusão, lugar em que procuro nunca mergulhar.   exemplo: tempos atrás estava com Lívia no mercado. no caixa, à nossa frente, uma moça com compras para uma …

doce lar

chega um dia em que o público muda.  hoje a casa esteve cheia. primeira vez desse jeito tão diferente. o caso se deu por conta do aniversário da Lívia e da vontade da Rafa em lhe fazer festa surpresa. não sei precisar o número de guris e gurias que passaram por aqui, mas foram muitos. muitas vozes. altas vozes. risadas, conversas, refrigerante no chão, bolo …

deveres e direitos

cumpri com o dever, exerci o direito. passei na zona, conversei com meus simpáticos e divertidos mesários. rimos e batemos papo rápido sobre chatices e coisas legais.  nos despedimos com o compromisso de nos vermos no dia 26.    três da tarde. fome. da urna direto para o café. me sentei sozinha e sozinha escolhi meu almoço.  comi acompanhada do Sir Conan Doyle que, acidentalmente …

vontade de domingo

há dois domingos não vou à feira. a casa se mantém abastecida porque tratei das urgências da fruteira no Mercado Municipal semana passada e no Festval na retrasada. mas a falta do passeio começa a me espiar.  gosto das voltas e do clima do MMunicipal, as pessoas conversam muito, há provas de todos os sabores, cafés cheirosos, assobios, novidades nas lojas de bebida, queijos, castanhas, …

mil voltas, voltas, que dei

tenho horror e vergonha de uma cafonice que vira e mexe bate na minha porta. sem crivo, me desprendo, me encho de gentilezas, “entre, fique à vontade”, e me esbaldo.   escuto música o tempo todo e sei bem do que gosto e do que não gosto – e dos respectivos porquês. mas é estranhíssimo quando alguma coisa atravessa essa muralha construída naturalmente com sensibilidade, …

sexta, quinta

ai que difícil quando a sexta-feira chega… quando é sexta e ainda é preciso que seja quinta, que se insista a quinta, que se alongue a quinta, que a quinta continue para que se tranque lá dentro tudo que pertence a ela… deveria ser proibido rodar a folhinha sem que as pendengas tivessem sido resolvidas, acabadas, rompidas. à Cesar o que é de César. e …

do lar

Pela fresta do quartinho espiei o dia chegando. Não soube direito de suas cores, menos ainda de suas horas; só de suas chuvas que choviam… Sentada aqui, desde quando ainda era ontem, percebi o futuro assim, sem anúncio ou festa, sem gritos ou comemoração. O sábado se fez silencioso, mas bem urgentinho de suas obrigações. Para não atropelar nada nem dar pressa ao que não …

numa folha qualquer

Tirei da gaiolinha lápis, gizes, tintas. Todas as cores libertadas. E todas as disposições para usá-las. Saquei as algemas do bloquinho de canson que guardo há muito e que agora é manchado pela pátina do tempo, amarelado pelos anos de gaveta. Abri bem as janelas, escancarei as cortinas, afastei os móveis. Com os ventos a circular, espalhei material em cima da mesa. Escolhi música de …

a minha lua

Me animei com a superlua. Porque é super e porque é lua. Porque gosto dos fenômenos. Porque a natureza me encanta. Quando vi o céu se abrindo quase uivei. Depois veio a decepção no paredão do prédio cafona de arquitetura horrorosa, coisa de novo-rico, aqui do lado. Seria boa oportunidade de mandá-lo pelos ares – onde já se viu se intrometer entre a lua e …

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