Mary Ann Evans, romancista que viveu no século retrasado publicando com o pseudônimo de George Eliot, disse em diálogo em um de seus livros que não lembro agora que “em cada despedida existe a imagem da morte”. concordo. dizer adeus é cortar para sempre uma parte de si próprio. boa ou ruim, não importa. vai junto com o fim alguns pedaços que não podem mais ser, mas …
agora que o modismo já empalidece e a onda de pseudo-críticos virou espuma, me sinto a vontade para falar. acompanhei quieta os embates públicos sobre os livros de colorir. algumas vezes achei graça de como acadêmicos das áreas de letras e sociologia, óculos na ponta do nariz, sobrancelhas erguidas e paletós com oval de couro nos cotovelos, trataram do assunto como se fosse o …
“Há na memória um rio onde navegam Os barcos da infância, em arcadas De ramos inquietos que despregam Sobre as águas as folhas recurvadas. Há um retrato de água e de quebranto Que do fundo rompeu desta memória, E tudo quanto é rio abre no canto Que conta do retrato a velha história.” (José Saramago) minha irmã e eu fomos à casa da minha …
no anoitecer de sábado a Lívia teve notícias de uma lua linda no céu. estávamos entregues ao sabor de muitas conversas e nossas janelas não permitiram o ângulo ideal para a saudação. pois bem, ontem, depois de um dia inteirinho dedicado à preguiça pra mim e estudos pra ela, Lívia me pediu para sairmos e procurarmos a companheirinha. subimos no carro e nos mandamos para …
não que eu tenha mãos de princesa ou que não possa fazer serviço pesado, mas passar a sexta-feira à noite a limpar os cinco andares do prédio mais a portaria e mais o meu apartamento foi meio demais. o caso se deu por conta desses fenômenos estranhos que acontecem na minha área de serviço. para resumir a novela, toda a água do mundo saiu do …
a brisa que sopra em meu rosto as pérolas do colar um pavio no último suspiro aqueles dias de agosto… sinto o embalo de sua mão a janela aberta entra melodia, a travessia eu sinto o embalo da sua mão e um adeus que precipita as palavras que quero te cantar em poesia ou em canção tecendo em cada sorriso em toda a lágrima sua …
evito com força entrar no Mercadorama. o setor de RH é mesquinho. contrata pouco, exige muito e fiscaliza quase nada. deve ser pão-duro também com os salários, não sei, é só um palpite. mas há uma coisa interessante quando se tem tempo: a fila do caixa. em qualquer loja ela é grande e demorada. e com o tempo da espera é possível espiar variados tipos …
cada quilômetro que passa tenho menos vontade de dirigir. o que em outro momento era prazer, hoje é tortura. procuro o máximo que posso andar a pé. não é por consciência urbana nem por saúde física nem por disposição excedente nem para poder observar melhor a paisagem. pra falar a verdade, nem os engarrafamentos que são cada vez mais frequentes e espalhados pela cidade me …
“É preciso primeiro encontrar, depois cortar, para chegar à carne nua da emoção.” Claude Debussy a ouvir a sugestão do dia “Claire de lune”, Debussy, estampada na página do Almir Feijó lembrei de um acontecimento longínquo que eu nem sabia que havia se escondido em canto da memória… quando era menina fazia aulas de ballet. não tinha vocação nem interesse, só obedecia. um dia, por …
a Betina Müeller é uma dessas mulheres estonteantes. não estabeleceu uma meta, mas chegou a ela e dobrou-a. em todos os quesitos: simpatia, charme, inteligência, voz, tatuagens… musa absoluta no dial desde muito tempo. pois bem, ela, para desespero dos marmanjos, é casadíssima com o Rodney Rauth desde outras vidas. e juntos caminham pela existência a provar que encontro de amor é coisa séria. o …