há um lugar na minha cabeça em que me refugio as vezes. para as noites de insônia, para as manhãs de chuvosas novidades, para qualquer tempo em que precise ligar radiola e esquecer dos barulhos do mundo. foi hoje, logo hoje, dia de lua de mel, que me tranquei e me escondi em mim mesma. não de propósito, não por escolha, não por vontade. só …
dois dias antes de viajar, caí na pracinha em frente de casa e torci o pé. o outro. o primeiro é todo errado desde os meus 15 anos, volta e meia dá sinais de suas mágoas e revolta-se em inchaços, bobeiras e dorzinhas. agora, o esquerdo inventou que tem o mesmo direito e depois de um tempo de marcha, ele me cochicha na orelha que …
nunca dei muita importância a algumas coisas que me apontavam como interessantes, importantes ou necessárias. uma delas, a viagem em primeira classe. claro, no avião dá muita vontade. mais por providências de ordem prática do que pelo luxo propriamente. não é fácil acomodar 1,80m na econômica e não ter um beliscão na coluna, uma puxadinha na perna, um creque-creque no pescoço. por conta das maluquices …
fiz poucas anotações de viagem em Amsterdam. não por falta do que falar, ao contrário; o texto seria sem fim, cheio de adjetivos, pormenores e exclamações… estou em deslumbramento total! a vontade maior de unir em minha vida cotidiana coisas que acredito que tornam a caminhada mais interessante se afunilam aqui, nesse lugar surpreendente que revela de jeito divertido o que deveria ser comum, mas …
quando o trem parou em Bruxelas eu já tinha reclinado um pouco a poltrona, feito do casaco cobertor e espiava a paisagem como quem começa a entrar em sonho. preguiça boa: corpo leve, cabeça tranquila. nessas condições que meu colega de viagem sentou-se ao meu lado. agitado, falante, cheio de movimentos e tiques… perguntou, como se fosse possível não saber, para onde iria o trem. …
nas minhas viagens, não importa o lugar, do Chuí a Nova York, de Piraquara a Roma, tenho sempre o grande objetivo de olhar as coisas, as construções, a ocupação dos espaços, a pressa alheia, a comida que se come e a que se serve, a música das ruas, as programações de ordens culturais e, sobretudo, as pessoas. gosto de saber das pessoas. ouvir histórias, observar …
Desliguei o computador, enfiei meia dúzia de roupas na mala, tranquei as portas da memória e saí de férias. O que eu queria? Olhar para o mundo sem carregar lembrança, peso ou obrigação. O que eu consegui? Pouca coisa até agora. Capítulo 1: Lembrança Cheguei ao aeroporto confiante. Na fila do check-in senti o indicador nas minhas costas, Adriana, quanto tempo!. Era a minha primeira …
Pela fresta do quartinho espiei o dia chegando. Não soube direito de suas cores, menos ainda de suas horas; só de suas chuvas que choviam… Sentada aqui, desde quando ainda era ontem, percebi o futuro assim, sem anúncio ou festa, sem gritos ou comemoração. O sábado se fez silencioso, mas bem urgentinho de suas obrigações. Para não atropelar nada nem dar pressa ao que não …
procuro por versos de amor precisam ser singelos, claros, diretos. têm que contar sobre uma vida inteira dos elos dos amantes e caber num único instante. não exijo rima nem métrica mas é obrigatório a cor lilás do fim das tardes de verão procuro por versos de amor que escorram de bocas molhadas em luas e vidradas em beijos opcional, tragam palavras novas e …
Nas últimas semanas tenho acompanhado algumas discussões e participado de outras. Os motes são diferentes, mas a temática dá voltas em torno do mesmo assunto: música popular. O tópico poderia ser mais amplo e tratar da cultura produzida como um todo, a envolver outras praias, mas por conta da minha encarnação passada, acabei mais atenta a esse grupo. Os amplos debates sobre a entrevista de …