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também, em movimento contrário, bizarrices sobre a aparência; gente louca a fazer coisas inacreditáveis para enfrentar o espelho e os olhares alheios. nunca fiz plástica, por incompetência não consigo emplacar regime, mas sou completamente favorável que as pessoas façam suas moderadas gambiarras para se sentirem melhor. eu, por exemplo, passo hena no cabelo porque é muito grisalho e não gosto; se tivesse mais força moral …
dia desses contornando a pracinha, vi um maluco a conversar com o busto de Alfredo Andersen. disse-lhe algumas coisinhas, deu-lhe um tapinha camarada no ombro e foi-se embora. achei graça e fiquei curiosa sobre o papo. que será que o cara confessou a Andersen? e como obteve resposta tão significativa que lhe despertou o gesto amigável? as vezes conversar com uma estátua pode ter grande valia… …
na semana que passou tivemos um problema grave por aqui. o irmão da Jéssica desapareceu. ele é um guri que tem contratempos nesse mundo tão diverso e mesmo assim tão mesquinho entregue à hipocrisia de que todos somos iguais, irmãos. o Mikael tem algumas dificuldades físicas e mentais. mesmo assim, dá a volta em sua síndrome e procura viver da melhor maneira possível. como eu …
tenho cá meus problemas com os donos das verdades absolutas. eles são chatos, cheios de limites. restringem o mundo, as coisas do mundo, a um quadrado nada elástico e o que é válido tem que caber ali. criticam, sangue nos olhos, quem pensa diferente. não conhecem bem o significado da palavra respeito e estão completamente afinados com a intolerância. os donos das verdades absolutas gostam …
amiga de todos os carnavais me sugeriu que fizesse, próprio punho e forma particular, uma retrospectiva de 2015. disse para eu inventar umas colunas e tratar de preenche-las: alegrias, tristezas, frustrações, vitórias, negações, viagens, brigas, presentes e por aí segue. obediente e adoradora de listas, tratei de fazer a viagem de volta e caminhei pela memória. ao fazer as anotações saquei que tantas intensidades amontoadas …
há alguns anos estava com Dé em Paris. era verão, muito verão. um calor cuiabano distorcia a paisagem e todo mundo procurava jeito de amenizar os 40 graus que vinham pelo ar, batiam no asfalto e aumentavam no andar. era dia de museu. pela terceira vez o Dé entrava no Louvre. eu, seduzida por um flautista que soprava ternuras no corredor externo do museu e …
pode ser que seja este o último dia da vida e eu, confusa, caminhe pela cidade a procurar a saída desta noite escura a testar todas as chaves no que conheço como única fechadura ou me jogue, sem rede, de toda esta altura de onde vivo, sem saber, a grande, irreparável, inconcebível, loucura. pode ser que seja este o último dia da vida e eu, …
não tenho como hábito falar de grupo de pessoas. nem bem nem mal. não gosto de tratar coletivamente. acho injusto, chato, burro e raso. afinal, penso que essa coisa de “os brasileiros”, “os latino-americanos”, “os protestantes”, “os Sydor” etc não existe em características amplas e verdadeiras. cada um é muito mais que o coletivo. não se deve reduzir… mas estou aqui na Holanda de novo …
não há como negar que as coisas boas do mundo precisam de certa dose de disposição e olhos atentos para serem usufruídas. também não tem como deixar de lado o fato de que ter uma graninha extra para cafés, vinhos e pequenos mimos para alma seja fundamental. tenho bastante de vontade, pouco de recurso financeiro, mas caminho pelo mundo a buscar as essencialidades, a não …
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos, Fernando Pessoa não tenho vontade de sair de casa. novidade nenhuma nessa condição. cada dia mais me enredo nas minhas paredes com a certeza de que ganho mais aqui do que fora. escrevi meu Código de Hamurabi, particular e intransferível, que …