tenho preguiça com as coisas da cozinha. tudo que faço diante do fogão tem relação direta com a praticidade. não consigo me aventurar em pratos variados, elaboro aqueles que não demandam muitos acompanhamentos: feijoada, caldeirada, macarronada e outros adas ou nadas que me deixem segura na hora de servir. se contratasse uma cozinheira gostaria que ela fosse o meu oposto e tratasse de entrada, saladas, …
as cortinas da minha casa riem de mim. detesto-as com uma raiva tão grande que a cada brisa que sopra lá fora e elas se sacodem aqui dentro, tenho vontade de pegar uma tesoura e picá-las com todo meu ressentimento. sei o que representam. toda minha incompetência está ali, esticada e limpinha, a se exibir e a pronunciar dia sim e no outro também minhas …
acho que há qualquer coisa de sublime na louça de domingo. diferente daquela empilhação de pratos e copos e talheres e travessas e panelas e xícaras dos vulgares e corriqueiros dias. no domingo a louça é mais elegante, tranquila, surpreendente. é a mesma dos outros seis da semana, mas o humor muda e ela representa mais. se meus pratos falassem, de segunda à sábado, diriam …
sem saber da chuva que chovia nem ligar para a moral dos grandes homens dormia na rede. e o dia passava lá fora sem lembrança porque o sono não era vida nem formava história. sonhava barulho dos sapos passarinhos e água que caía. sonhava com uma baía e uma ilha com grama do continente e uma chaminé que soluçava fumaça azul. e no sonho ouvia …
não posso ser vista nem de frente nem do avesso nem nos olhos nem nos versos nenhuma risca nada sobra de mim sou estrela sem brilho e sem história feia, morta, torta infeliz trajetória nenhuma pista
ando distraída das estatísticas do blog. dou uma olhadinha ou outra nuns números que me chamam muito atenção por conta de caminharem por postagens bem antigas e isso me deixa curiosa. no mais, estou a publicar. hoje acordei interessada a escarafunchar como estão a me tratar os leitores. surpresa! sorria, Adriana, você está sendo lida. pra minha comoção, ultrapassei a marca dos 100 mil. mais, …
não se volta ao amor assim, machucada não se visita o amor com mágoas novo amor velho amor, amor não merece liquidação dos dramas transbordar de dores memória corroída chansons que derramam pesares e esperanças amordaçadas há de se respeitar o amor e não obrigá-lo a mesquinharias dos outros tempos de todos os tempos para o amor, foro limpo bons tratos. pousá-lo no colo e …
acho que chega um momento em que a gente fica velho. assim, de um dia pro outro: dorme jovem, acorda velho. e depois disso só continua velhando, conforme aqueles do conto Fita Verde no Cabelo do Rosa “… como velhos e velhas que velhavam…”. o processo do corpo até pode parecer com o de uma maçã muito suculenta que ao passar dos dias ganha cor, …
o presente é o indicativo de que apesar dos irregulares dos primitivos defectivos derivados dos impessoais apesar dos imperativos negativos e dos particípios provavelmente tive um passado mais que perfeito. o futuro do pretérito deu certo, confirmo hoje nos dois primeiros: eu e nós. satisfeita, parto para o futuro do presente e agora considero os imperfeitos os simples compostos pessoais infinitivos afirmativos os nominais e …
Reducionismo: s.m. Filosofia. Tendência consistente em reduzir os fenômenos complexos a seus componentes mais simples e considerar estes últimos como mais fundamentais que os fenômenos complexos observados. sobre mim, confusões. tenho inclinações para a compreensão. alheia. nem é questão de preferência ou opção, vim andando até aqui assim, a tentar entender o que acontece em outras cabeças. uma justificativa eterna que me protege de …