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do amor

eu falo de amor em outra língua as vezes ocupo olhos para ouvir uso as mãos, sei pelo cheiro e declaro na canção eu trato do amor no avesso no inverso, no contrário o oposto que é meu reverso a imperfeição de mim no descompasso, converso eu caminho pelo amor como quem anda ou quem corre melhor, quem para e no beijo morre eu sei …

magna

tenho vontade de escrever uma carta de mil linhas. e que nela os arrepios da pele, a boca seca, o tremor das mãos, as vontades, os receios e tudo aquilo que me percorre se transformasse em palavras. e cada palavra tivesse o poder da comunicação precisa, linha reta sem sinônimos ou mudança de interpretação. nessa carta, e só nela, eu usaria palavras sagradas, como sagrado, …

ponto

cortei pedaço de mim fatia de prazer, a parte do amar cortei o que era sem fim. bamba, amputada, dolorida me despedaço pela rua suicídio com bala de festim. na despedida, o olhar do erro da vontade e do medo o desejo dos beijos de carmim. me reviro no sofrer na lembrança do sonho no trevo desfolhado do jardim. arranco imagens e me enterro o …

sexta-feira

penso em beijos imensos intermináveis conferência de boca na boca reconhecimento de respiração intenção barroca inesgotável alucinação. anseio por beijo no rosto desígnio de outra dimensão acordo proposto caminhos extensos. desejo beijos de sol que andem pelo corpo tateiem a alma e encontrem morada em cima do lençol.

trem

minhas malas estão prontas  sei que não voltarei mais nunca mais.    arrumei tudo,  shampoo, escova e tamanco aquele vestido de borboletas e a bolsa azul.   etiquetei a bagagem  meu nome, meu sangue toda minha história e dois cadeados três cartas de lembrança  e o velho anel.    pesam muito minhas malas a vida inteira ali dentro mais a saia reta e o scarpin …

renovação

do amor eterno   só posso provar que meu amor é eterno depois do fim do fim de mim antes disso  hei de amar-te todos os dias  todas as horas num ciclo que se renova a cada minuto de sua dúvida e na prova de cada segundo de  meu amor quando passo as mãos em teus cabelos quando te sorrio ao telefone quando te beijo …

deficiência

teve uma época da minha vida que eu era louca por rimas, riminhas, podiam ser pobres, não obedecer métrica, não formar sentido, não comunicar com exatidão, não ter ritmo adequado. mas eu pensava em rimas. ainda bem!, isso passou. hoje quando vou construir alguma coisa e sinto que há necessidade de empilhar as palavras com alguma sonoridade que as combinem, penso mil vezes e se …

canoa

o vento que vem do leste o leste que nasce em mim rodopio de tempestade que acaba sem ter fim nas manhãs me faço em sol toco músicas que me acreditam sopro nuvens, lanço raios e me dispo no que liberta conheço as tardes de saliva que me jogam de novo ao mar puxam e me largam  na promessa de voltar

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