neste dia – o que as memórias do Facebook me contam

estou a viver em dois tempos, hoje e ontens. todos os dias olho para o aplicativo do Facebook para descobrir o que eu estava fazendo há um ano, há dois, três, quatro anos. retiro a coberta do tempo e descubro minhas memórias. é um exercício interessante lembrar precisamente do que me acontecia em datas específicas, que construíram páginas importantes da vida. meu diário virtual é eficaz. …

fim de inverno

sinto esse calorzinho de agosto. está no ar, nas flores amarelas dos ipês, no sol, na roupa de cama com uma coberta a menos. está na peça que há muito não desfila pelas ruas tirada hoje do guarda-roupa. está nesse humor que se renova e no Mozart que gira lindo, animado, allegro, mas não muito… gostoso poder esticar o corpo que estava todo atrofiado, encolhido …

timidez x fotografia

das coisas que estão em mim e detesto, a timidez, decerto, é o traço mais gritante. tanto, que muitas vezes trato de vestir uma couraça que me transforma no oposto para que eu continue por dentro quieta e protegida. mas é marca que atrapalha, às vezes impede o fluir das experiências. é um não-estar de verdade em situações. máscara que tranca o fôlego. fico muito …

dia do meu pai

marquei almoço. utilizei o indecente horário do meio-dia para que tivéssemos tempo para os belisquetes antes de sentarmo-nos à mesa. meu pai é uma pessoa reservada. ele é incapaz de perguntar qualquer coisa que fira o que julga ser o limite da privacidade, às vezes sofre em silêncio por querer saber pormenores, mas nunca comete indiscrição. suas coisas, ele só conta se forem perguntadas. demorei …

eu durmo!

ano passado eu me dei conta de que passava as madrugadas de 9 para 10 de agosto feito uma coruja louca, olhos de farol, a embalar fantasmas e pensamentos secretos. uma insônia que se repetia todo ano feito um pesadelo recorrente. claro que não era apenas na data premiada, outras noites eu via o movimento dos astros com a cabeça rodando no turbilhão que é …

ao trabalho

há qualquer coisa bem diferente no quartinho nas últimas semanas. minha facilidade com a escrita convidou o trabalho para uma longa dança e esqueceu que a música é um lance também, e principalmente, do prazer e de outras coisas que se parecem com ele. escorrego os dedos pelo teclado e em segundos sou absorvida por assuntos que não são meus, que se espalham em mim …

segunda-feira

dia de início. regime, trabalho, planos, academia. novo curso. gosto de segunda-feira. não sei explicar direito, mas me sinto bem com a chegada de nova semana, tenho a impressão que a vida abre um grande portal para que tudo tenha outra chance. não me importo com os dias que ficaram no passado, olho para o calendário e penso nesse réveillon fora de época, refaço a …

dia do escritor

acordei com alguns avisos amigos a me dizer que hoje é dia do escritor. tive um estranhamento momentâneo porque é um tanto difícil me assumir assim. até em ficha de hotel, onde só de farra tasco qualquer profissão, nunca consegui ser escritora. já fui engenheira, médica, arquiteta, cabeleireira, artista plástica; a cada check-in uma nova personagem. também tenho dificuldades em assumir o papel porque reconheço …

endereço: no pé do arco-íris

nômade: diz-se daquele que não tem habitação fixa eu sou uma itinerante que riscou nos limites da cidade as possibilidades de endereço. embora tenha paradeiros em paraísos longe daqui, não consigo que a enxada do destino cave fundo a ponto de desprender minhas raízes. Curitiba. volta e meia reúno as tralhas e me mudo. já morei em tantas casas que nem me lembro mais. e …

transmissão ao vivo no Facebook

um dia desses pensei em fazer um lance desses ao vivo que o Facebook inventou. assisti umas pessoas e achei interessante a coisa da interatividade. uma pessoa de um lado, outras de outro, a falar meio coletivamente… aos poucos, feito uma garoa fina, foram chegando as advertências para eu desistir da ideia. primeiro pensei que escrevo, logo não falo. seria um tiro no pé trocar …

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